Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

O sol nasceu e se pôs muitas vezes desde que Gabrielle e Terreis tinham partido em direção ao norte. Elas cavalgavam com intensidade, as sombras das montanhas se alongando ao seu redor conforme o inverno avançava e o ar ficava cada vez mais cortante. Ao passarem por planícies e florestas, Gabrielle sentia-se cada vez mais distante de tudo que conhecia, do conforto de sua nova casa e, principalmente, de Xena.

No final de um dos dias de viagem, quando o céu estava tingido de um vermelho profundo e as primeiras estrelas surgiam no horizonte, as duas decidiram acampar em uma clareira cercada de pinheiros altos, cujas copas se perdiam na escuridão. Gabrielle preparou uma fogueira, observando as chamas com um olhar perdido, enquanto Terreis cuidava dos cavalos, amarrando-os a um tronco próximo e lhes oferecendo um pouco de água.

Quando Terreis voltou para o fogo, sentou-se ao lado de Gabrielle, apreciando o calor que as brasas ofereciam. Depois de um breve silêncio, a princesa amazona sorriu com um brilho de expectativa no olhar.

– É a primeira vez que viajo para o norte, sabia? – Terreis disse, sua voz suave e animada – sempre quis conhecer a tribo das amazonas daqui. Dizem que estão entre as tribos mais sábias e mais antigas de todas nós.

Gabrielle tentou corresponder ao entusiasmo da companheira, mas o cansaço e a preocupação acumulada dos vários dias de viagem estavam cobrando seu preço, e os sentimentos transpareciam em seu semblante.

– Deve ser uma honra, realmente – Gabrielle murmurou, forçando um sorriso – eu gostaria que tivéssemos mais tempo para conhecer a cultura delas. Aposto que é fascinante.

Terreis olhou para Gabrielle, seu peito enchendo-se de preocupação e ternura. De uma certa forma, aquilo era quase a aventura dos seus sonhos. Cavalgar para uma terra distante junto da pessoa que amava e viver aventuras. Mas a realidade era muito mais agridoce.

A princesa hesitou por um momento, mas pousou uma mão firme e gentil na mão de Gabrielle.

– Você vai vencer a maldição, Gabrielle.

Gabrielle deixou seu olhar misturar-se ao de Terreis. Por um momento, a lembrança dos beijos ternos, mas intensos, da amazona, assim como de seu abraço firme e aconchegante apareceu como um refúgio em seus pensamentos. Mas ela sabia a quem seu destino e seu coração pertenciam.

– Você realmente acha isso? – perguntou num fio de voz.

– Tenho certeza – Terreis reafirmou, com convicção.

Gabrielle desviou os olhos, comovida pela confiança de Terreis, mas também pela dor que sentia no peito ao pensar em Xena. Respirou fundo e, lentamente, assentiu.

– Obrigada, Terreis – murmurou Gabrielle – por estar aqui.

As duas ficaram em silêncio, de mãos dadas, deixando que o calor da fogueira e o brilho das brasas afastassem a frieza da noite.

Enquanto observava o fogo, ela se viu refletindo sobre os momentos que havia compartilhado com Terreis no passado. Havia uma leveza na forma como Terreis a olhava, um carinho nostálgico que fazia seu coração bater um pouco mais rápido. Seus dedos entrelaçados a faziam sentir coisas que achava que não deveria estar sentindo naquele momento. Mas mesmo assim, sua dor era tão forte e sua necessidade daquele conforto, tão intensa, que não os largou.

Deitou a cabeça nos ombros de Terreis e a amazona a envolveu com o braço. Gabrielle fechou os olhos e deixou-se confortar por aquele abraço familiar. Sua respiração tornou-se compassada e seu tumulto interno apaziguou lentamente.

O perfume dos cabelos da amazona começou a invadir suas narinas novamente despertando aquelas sensações que ela estava tentando evitar. Tentou forçar-se a abandonar aquele abraço, mas era por demais caloroso. Ergueu os olhos, temerosa, em direção aos da amazona, e enxergou neles um conflito semelhante ao seu. O olhar que ela lhe lançou foi quase demais para que resistisse.

– Acho que vou dormir – disse Gabrielle, a voz entrecortada – boa noite, Terreis – tocou, com carinho, o rosto da amazona.

– Boa noite, Gabrielle – disse a amazona, soltando-a de seu abraço, e Gabrielle imediatamente sentiu falta do contato. Suspirou, recompôs-se, e foi até onde as grossas peles de animais estavam estendidas para deitar-se.

Fechou os olhos e concentrou-se mais uma vez em respirar e acalmar seus pensamentos. Visões sobre o corpo ferido de Xena e o completo desconhecimento sobre o mal que enfrentaria começaram a enchê-la novamente de dúvidas e medo. Fez uma prece aos deuses para que lhe dessem forças para enfrentar o que viesse.

Enquanto lutava para se acalmar e se entregar ao sono, percebeu o movimento nas peles ao seu lado. Terreis tinha acabado de se deitar, ao seu lado, como nos dias anteriores. Aquilo não tinha sido uma questão, mas hoje seu coração estava por demais conturbado. Perguntou-se se deveria pedir para a amazona que se deitasse longe dela.

Olhou para o lado e viu que a amazona se acomodara de costas para ela. Gabrielle sabia que aquele era um gesto de respeito. Sentiu sua respiração acelerar, a dor em seu coração clamava por conforto. Seria uma crueldade usar os sentimentos dela dessa forma, pensou.

Seu corpo, porém, não quis obedecer seus pensamentos. Virou-se e abraçou fortemente a amazona, mergulhando o rosto em seus cabelos cheios e perfumados. Sentiu imediatamente um conforto que sabia que não merecia, e pode sentir a respiração da mulher em seus braços acelerar.

– Gabrielle… – a voz de Terreis estava entrecortada – não acho que…

Gabrielle depositou um beijo suave no pescoço de Terreis, o que fez a amazona estremecer e soltar um suspiro. Beijou ainda mais intensamente aquela região, seu corpo clamava pelo toque da outra mulher. Terreis finalmente virou-se e, sem hesitar, capturou os lábios de Gabrielle num beijo profundo.

Gabrielle escolheu deixar todos os seus anseios, medos e preocupações desaparecem naquele instante. Era um momento que, por mais inesperado, parecia inevitável; um abrigo para sua alma fragmentada.

O beijo de Terreis era suave e ardente, como o fogo que crepitava na fogueira, consumindo o ar entre elas. Gabrielle sentiu as mãos de Terreis acariciarem suavemente sua pele, como se quisessem apagar os vestígios de todas as dores que carregava.

Logo livraram-se das incômodas roupas e seus corpos estavam tão próximos, tão entrelaçados, que o mundo exterior parecia desaparecer, e tudo o que restava era a firmeza de seus toques, o perfume delicado dos cabelos de Terreis, e o som das respirações pressurosas.

Gabrielle não queria pensar em nada além daquele momento. Ela queria se perder no ardor dos lábios que percorriam todo o seu corpo, esquecer o medo, a incerteza e o peso de suas escolhas. No toque de Terreis, sentia-se protegida, como se pudesse finalmente deixar de ser alguém com uma missão que definiria seu destino, e se entregar apenas ao prazer e ao chamado do desejo. As carícias trocadas eram ao mesmo tempo delicadas e carregadas de urgência, cada toque um lembrete de tudo o que sentiam, mas também da transitoriedade daquele momento.

As mãos de Gabrielle exploraram os ombros de Terreis, suas costas, sua cintura, sentindo a firmeza de seus músculos, a suavidade de sua pele sob seus dedos. Seus corpos se moviam juntos em uma dança silenciosa, cada gesto, cada suspiro, um reflexo das emoções que borbulhavam entre elas.

Enquanto a mão de Terreis deslizava devagar pela curva de sua cintura, perdendo-se no meio de suas pernas, Gabrielle fechou os olhos, seu corpo tremendo de pura paixão. A suavidade com que Terreis a tocava a fazia perder a razão, e ela se entregou por completo àquele momento, sem pensar no que isso significava, sem temer as consequências.

Seus corpos se encaixaram com uma precisão que parecia ter sido escrita nas estrelas, como se o destino tivesse, por um breve momento, permitido que elas se perdessem uma na outra sem medo.

O silêncio da noite foi quebrado apenas pelo som das respirações que se misturavam e se intensificavam, pelos beijos que se tornaram mais profundos e imoderados, e pelo gemido desgarrado arrancado dos pulmões de Gabrielle quando a intensa onda de prazer se derramou por seu corpo.

Quando finalmente o momento se desfez, elas ficaram ali, deitadas, os corpos entrelaçados, as respirações ainda aceleradas. Gabrielle se sentiu como se tivesse mergulhado em um lago tranquilo e, ao emergir, estivesse mais leve, mais serena. Mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação inquietante, como se as sombras da noite ainda pairassem sobre ela.

– Terreis.. – sussurrou Gabrielle.

– Shh – Terreis pousou um dedo delicado sobre os lábios de Gabrielle e falou num murmúrio quase inaudível – não fala nada… não agora.

Terreis a envolveu em seus braços, e Gabrielle não se afastou. A presença de Terreis era uma trégua para seu coração exausto. Ela sabia que aquilo não era apenas sobre desejo. Era sobre encontrar algo que faltava dentro de si mesma, sobre se reconectar com a parte de si que sempre esteve adormecida. E, por mais que seu coração ainda chamasse por Xena, ela sentia  que aquele momento de intimidade com Terreis havia curado algo dentro dela. Um passo, ainda que pequeno, para entender a profundidade de seus sentimentos, de seu desejo e de sua dor.

O silêncio envolveu-as novamente, mas agora, era um silêncio diferente. Não mais pesado de incertezas, mas reconfortante, acolhedor, como a promessa de que, em algum lugar, em algum momento, ela poderia ser mais do que a soma de suas tragédias. Ela poderia ser alguém que verdadeiramente sente e ama.

Nota