Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

Xena sentou-se no parapeito de pedra do salão vazio, o olhar perdido na escuridão do pátio além das tochas bruxuleantes. O silêncio da noite envolvia tudo ao redor, mas dentro dela, uma tempestade fervilhava. A imagem de Gabrielle e Terreis juntas, lado a lado, aquele sorriso tranquilo que Gabrielle mostrava quando estava perto da princesa amazona, ainda pulsava em sua mente como uma ferida aberta.

Involuntariamente, suas mãos cerraram-se em punhos, e ela sentiu o impulso de socar algo, de quebrar o silêncio em mil estilhaços de fúria. Queria uma bebida forte, queria apagar aquela dor ao menos por uma noite, afogar o ciúme que lhe queimava a garganta e o peito. Sabia que ceder a esses impulsos seria fácil; perder-se no gosto do vinho e na violência tão natural em si era um caminho conhecido.

Gabrielle já vira de perto seu lado mais sombrio, e foi exatamente esse lado que a afastara. A lembrança da expressão assustada no rosto de Gabrielle quando ela perdera o controle era como um fantasma acorrentado à sua alma. Desde então, o medo de assustá-la novamente era o fio que sustentava seu autocontrole. Gabrielle não merecia ser envolvida naquela tempestade, não merecia o peso da escuridão que Xena trazia consigo.

Só que agora, ao vê-la tão próxima de outra pessoa que lhe trazia justamente essa segurança, Xena sentia-se dilacerada. A raiva continuava latejando, e ao mesmo tempo, uma voz dolorosa dentro de si a lembrava de que Gabrielle tinha o direito de buscar algo que ela talvez não pudesse lhe oferecer. Algo pacífico, estável, um sentimento que não viesse misturado ao medo e à sombra da guerra.

Xena passou a mão pelo rosto, frustrada, em um gesto para limpar o que sentia. Cada parte de si resistia a aceitar isso. E, ao mesmo tempo, sabia que era uma realidade. Gabrielle merecia a liberdade de escolher quem quisesse ao seu lado. Mesmo que essa escolha não fosse ela.

Fechando os olhos, Xena respirou fundo, buscando forças para se agarrar ao autocontrole, ao autocontrole que tinha construído a duras penas. Sabia que, por mais difícil que fosse, precisaria seguir adiante.

 

***

 

Gabrielle abriu as portas da biblioteca, apreciando a escuridão do ambiente tranquilo. Apesar de já ser tarde, não queria dormir ainda. Caminhou até uma das confortáveis poltronas que havia na biblioteca e esparramou-se, apoiando os pés num banco e perdeu-se em seus pensamentos.

Estendeu a mão até a mesa ao lado e pegou um rolo de pergaminho e uma pena molhada de tinta. Rabiscou palavras soltas para tentar expressar o que sentia, mas as frases relutavam em se formar.

Passou a pena levemente pelos lábios e aquele gesto a lembrou do toque suave da princesa amazona. Os momentos com ela na floresta tinham sido intensos, cheios de desejo, carinho e romance, coisas que ela jamais imaginara que experimentaria, palavras que só recentemente tinham adquirido significado real para ela. Os braços de Terreis eram como um cobertor macio em um dia frio. Mais uma vez Gabrielle quase se entregara, seu corpo cada vez mais pedia a resolução de um desejo incontido, mas uma parte dela ainda sentia receio de cruzar essa barreira.

Era como se a mulher fosse tudo que desejasse. Atenta, carinhosa, ardorosa e intensa na medida correta.

Gabrielle abriu os olhos, atingida pelo seu próprio pensamento.

Existia medida correta para o desejo? Não diziam os poetas que Eros era justamente o desmedido, o indomável, aquele que trazia loucura à mente dos homens, que os lançava em ímpetos irracionais?

Em alguma parte de sua alma ela sabia que desejo e correção não podiam existir no mesmo espaço sem destruírem um ao outro.

No pergaminho, escreveu:

Eros… incorreção?

A pena deslizou, e ela traçou não palavras, mas um desenho. Um rosto angular, de longos cabelos negros, aquela que fazia sua respiração quase parar de acontecer. Um tremor começou em seu corpo, se estendendo até sua mão, e ela largou a pena.

Gabrielle sentiu quase como se sua mente apagasse por um momento. Levantou-se, saiu da biblioteca e começou a percorrer os corredores vazios do castelo adormecido. Numa das curvas, deparou-se com a figura alta que se projetava quase como um espectro da noite.

Sua respiração estava acelerada como se ela tivesse corrido uma maratona. Aproximou-se da figura, seus olhos fixos no azul que se destacava mesmo na penumbra daqueles frios corredores de pedra.

Ela estava recostada na parede, encarando-a com um olhar indecifrável. Gabrielle percebeu que ela também estava com a respiração acelerada.

– O que está fazendo pelos corredores do castelo a essas horas? – murmurou a imperatriz, num murmúrio baixo.

– Não consigo dormir – respondeu Gabrielle, num fio de voz.

– Nem eu.

– O que te mantém acordada?

Xena não respondeu, lançando a Gabrielle um olhar que a fez sentir como se fosse uma vela acesa, prestes a ser consumida pela chama. Após um silêncio cheio de dolorosa ânsia, Xena perguntou:

– O que te mantém acordada?

Gabrielle se aproximou mais, ficando tão próxima de Xena que pouco mais de um palmo de distância as separava.

– Eros, o indomável – sussurrou Gabrielle, seus olhos involuntariamente se fixaram na boca da soberana.

– Não leio poesias, Gabrielle.

– Eu sei – Gabrielle percorreu o resto de distância que havia entre elas, e assim que sentiu seu corpo encostar no de Xena percebeu que não havia saída para seu coração.

Xena ergueu uma mão e deslizou os dedos pelo ombro de Gabrielle, subindo pelo seu pescoço e indo parar na nuca, onde entrelaçou as madeixas douradas. Puxou o rosto de Gabrielle contra o seu, roçando seus lábios. As mãos de Gabrielle pousaram em sua cintura, puxando-se contra si. Xena tocou o lábio inferior de Gabrielle com a ponta da língua, depois mordiscou-o.

– Você tem ideia Gabrielle… – Xena sussurrou, ofegante – do que desperta em mim?

Gabrielle subiu ambas as mãos e entrelaçou-as na nuca da conquistadora, puxando-a forte contra seu rosto.

– Eu tenho – falou, suas respirações entrelaçadas – mas você não lê poesia.

Xena deu um sorriso malicioso antes de finalmente beijá-la com a intensidade furiosa do que sentia.

 

***

 

As mãos de Xena em seu corpo eram como os rastros de um incêndio irrefreável, pronto para transformar sua pele em brasa ardente. Gabrielle sorveu os sabores e texturas daquele boca como se fossem o favo do primeiro mel da primavera. O que Xena despertava nela era um misto de tentação irrefreável e o receio dos abismos mais profundos da sua alma.

Sentiu seus corpos subitamente separados e quase gritou em protesto, mas a mão de Xena agarrada firmemente à sua a guiou pelos corredores que pareciam infindáveis. A imperatriz abriu a porta da câmara real e a fechou pressionando-a contra ela, produzindo um baque forte que certamente iria reverberar pelas pedras do castelo.

Dessa vez, a boca de Xena estava em seu pescoço, entre sucções e um arranhar de dentes que fez Gabrielle quase desabar nas próprias pernas. Sentiu as mãos da imperatriz roçarem pela base de seus seios, por cima do tecido, e a realidade do que estava prestes a acontecer a atingiu.

– Xena… eu nunca… – a parte dela que ainda tinha algum controle sobre si murmurou com voz entrecortada – estive com uma mulher. Eu não sei… como…

Aquela frase, tão vulnerável, acendeu em Xena um misto de seus instintos mais primais, junto com o desejo intenso de proteger Gabrielle, e jamais trair a confiança da mulher novamente.

A imperatriz deslizou os lábios pelo pescoço de Gabrielle, subindo até encontrarem a boca, onde pousou um beijo suave. Tentou transmitir naquele toque terno a segurança que ainda repousava numa confiança frágil.

– Eu te mostro.

Vagarosamente, Xena a direcionou até a enorme cama, repleta de lençóis macios. Gabrielle deitou-se, seu corpo revelando um misto de entrega e timidez, e Xena olhou-a com a intensidade de mil sóis. Estendeu-se sobre a mulher menor como uma pantera, e voltou a beijá-la com ardor, enquanto desfazia com calma os nós das vestes de Gabrielle. A cada nó desfeito, Gabrielle sentia um misto de tensão e expectativa. A lentidão parecia dizer a Gabrielle que ela podia parar a qualquer momento. Mas ela não queria parar.

Gabrielle tremeu inteira quando sentiu o tecido deslizar por seu corpo, deixando-a nua. Repentinamente, sentiu-se exposta, e numa tentativa de equilibrar o jogo, começou a também desatar as vestes de Xena. Fez isso também devagar, enquanto olhava a imperatriz nos olhos, que lhe transmitiam, ao mesmo tempo, a impetuosidade das ondas de um mar alto e o carinho das marolas de uma orla.

O tecido escorreu do corpo dela, e Gabrielle perdeu o fôlego quando a contemplou em completa nudez. Com braços trêmulos, puxou-a contra si, desejando mergulhar naquele infinito. Quando seus corpos se encostaram, achou que fosse desfalecer.

Eram sensações demais ao mesmo tempo. As pernas de Xena entrelaçadas com as suas, a fricção entre suas coxas e sexos. A sensação de que toda sua alma escorria por seus poros e se conectava com aquela outra mulher. Os seios pressionando os seus próprios enquanto a boca sugava vagarosamente seu pescoço.

Apertou com força aquele corpo contra o seu, e de tão entregue, mal ouvia os gemidos que saiam de sua própria garganta. Deslizou as mãos pelas costas da imperatriz, não resistindo a apertar sua nádega, forçando mais o contato entre a coxa e seu sexo encharcado.

Nunca, jamais, sentira algo tão intenso. Sequer sabia que seu corpo era capaz de sentir aquilo.

Quando a boca de Xena chegou em seus seios e lambeu a carne macia, suas unhas entraram impiedosas  no dorso da soberana, seu corpo espasmou-se em movimentos involuntários. Quando os lábios se fecharam ao redor de seus mamilos e os sugaram, achou que fosse perder os sentidos.

Mas não perdeu. As sensações apenas continuavam e aumentavam. A mulher devorou seus seios como uma pessoa faminta diante de um banquete. Xena jamais imaginara que fosse encontrar tamanha doçura na pele da única mulher que conseguira adentrar seus sonhos. Xena descolou seus quadris e Gabrielle gemeu de frustração, fazendo um movimento de voltar, mas Xena a segurou com delicadeza firme. Gabrielle percebeu que a mulher queria prolongar o momento, mas a pulsação que ela sentia entre as pernas era dolorosa.

Xena voltou a beijar sua boca, e Gabrielle sentiu uma mão subir lentamente por sua coxa. Ela subiu e desceu por um momento, deslizando suavemente pela parte interna e ao redor de seu sexo.

Cada vez que sua boca ou suas mãos encontravam alguma parte do corpo de Gabrielle, Xena se perguntava se merecia aquela entrega. Queria consumi-la, mas, antes de tudo, queria ouvir as mensagens que o corpo e alma de Gabrielle lhe transmitiam naquele momento. Queria entregar o que ela desejava.

Gabrielle apertou o corpo de Xena com força, exigindo, demandando, e Xena soube que podia. Deslizou o longo dedo médio no interior daquele sexo que se oferecia à ela e voltou a colar seus corpos. Gabrielle abriu mais as pernas, pressionando-se contra Xena e jogando a cabeça para trás.

Seus dedos entraram nas longas madeixas escuras, arranhando sua nuca, enquanto seus quadris se moviam buscando fricção. Era como se tivessem conectadas por algum tipo de feitiço transcendente. Sentia a palma de mão de Xena estimulando seu clitóris, enquanto o dedo dentro dela a massageava. O movimento começou lento e sensual, aumentando até encontrar seu ritmo próprio.

Gabrielle achava que era impossível tantas sensações aumentarem ainda mais quando seu corpo foi atingido por um orgasmo avassalador, a culminação de um tempo infindável de ânsia contida. A região entre suas pernas ficou extremamente sensível, fazendo-a, num impulso, afastar a mão de Xena de seu centro, enquanto seu corpo inteiro convulsionava num arrebatamento ardoroso.

Seu outro braço ancorou-se no pescoço da imperatriz, como se ela fosse a única coisa que a prendia na realidade.

Xena mantinha-se distribuindo beijos leves e suaves pelo pescoço e colo de Gabrielle enquanto aguardava a mulher voltar de seu enlevo. O que tinha recebido era um presente de valor inestimável, e, pela primeira vez na vida, viu-se apelando aos deuses que não estragasse tudo.

Roçando os lábios suavemente no ouvido de Gabrielle perguntou, sua voz continha a fragilidade que tentava esconder:

– Te machuquei?

Gabrielle, que começava a recuperar sua voz, respondeu em tom suave:

– Não.

Xena sorriu, um alívio se espalhou por sua alma.

– Que bom.

Xena deitou-se de lado. Gabrielle não virou-se imediatamente, os olhos ainda fechados, esperando as sensações se dissiparem. Quando sentiu-se novamente dona de si, virou-se para encarar os olhos azuis que tinham mostrado ser sua perdição.

A expressão que encontrou neles, atravessou sua alma com tal força que lágrimas quase vieram aos seus olhos. Ela ainda não se atrevia a nomear aquilo, mas parte de sua alma já sabia. Sabia que tinha se afogado no mar e não desejava ser ressuscitada.

Nota