Minha senhora
por DietrichEris bateu trêmula na porta diante dela. Uma voz soou de dentro do quarto.
– Entre.
A jovem girou a maçaneta e obedeceu ao comando. Não conseguia desgrudar os olhos do chão e seu corpo inteiro tremia. Espiou rapidamente e viu que a rainha estava sentada a uma mesa, lendo e assinando papéis.
– Não precisa bater para entrar, garota – disse a rainha.
– Certo. Desculpe, minha senhora – disse a jovem. Sua voz quase não saiu.
A mulher continuou mais um bom tempo em sua atividade. Eris esperava calada, sem ter a menor ideia de como deveria agir naquele momento. Começava a sentir um pouco de enjoo devido à ansiedade e pediu aos deuses para não passar mal diante da governante.
Ouviu o arrastar da cadeira quando a mulher se levantou. Diante de seus olhos apareceram os pés da conquistadora, trajando belas sandálias romanas.
– Olhe pra mim, garota – disse a rainha.
Eris achou que seu pescoço estava paralisado, mas juntou todas as suas forças e ergueu o olhar para a alta mulher à sua frente. A rainha deu um sorriso aprovador.
– A velha realmente me conhece – disse a rainha, satisfeita – qual o seu nome, garota?
– E-e-ris, minha senhora – gaguejou a jovem.
– Quantos verões tem?
– F-faço dezenove na próxima lua, minha senhora – Eris rezava para não desmaiar de pavor.
– Humm. Entende para que está aqui?
Eris balançou a cabeça, sentindo seu rosto ficar quente.
– Responda com palavras, garota – disse Xena com rispidez.
– Sei, minha senhora – disse Eris num fôlego só.
– A primeira coisa que tem que saber – falou Xena, dando as costas para a escrava e passeando pelo quarto – é que deve fazer o que eu pedir, sem questionar. E me responder de forma direta o que eu perguntar. Não gosto de enrolações. Fará isso, garota?
– Sim, senhora.
Xena pegou uma garrafa de vinho que estava em cima da mesa onde trabalhava e encheu uma taça para si. Voltou a olhar a escrava de cima a baixo enquanto bebia pequenos goles do líquido rubro.
– É virgem, Eris? – disparou Xena.
A escrava sentiu seu rubor aumentar.
– Eu… bem… Não sei se… na verdade… – ela não soube o que responder.
Xena esfregou a testa, impaciente.
– Sem enrolações, escrava.
– Sim, minha senhora – respondeu a escrava – é que… hum…
– Já brincou por aí, não é mesmo? – Xena disse, bem-humorada – já deu e levou umas apalpadas?
A jovem ia balançar a cabeça, mas abriu a boca em tempo.
– Si- Sim, senhora – a vontade de olhar para o chão era imensa, mas Eris seguia olhando para a mulher.
Xena avançou e parou bem em frente à escrava. Ergueu a própria taça de vinho e encostou nos lábios da jovem.
– Beba um gole, garota.
Eris ergueu a mão para pegar a taça, mas Xena fez que não com o dedo.
– Assim não. Só abra a boca.
A escrava abriu a boca e Xena derramou nela uma pequena quantidade de vinho, que a jovem mulher engoliu rapidamente, quase engasgando.
– Já beijou outra mulher, Eris?
– Não, senhora.
– E homens?
– Sim, senhora.
– Quantos?
– Dois, minha senhora.
– Gostou?
– Eu.. hum… não exatamente, minha senhora.
– Sério? Por que? – a conquistadora a observou com olhar curioso.
O olhar fixo da monarca a fazia encolher-se. Não entendia o motivo daquelas perguntas todas. Achava que a mulher ia simplesmente tomar o que queria e mandá-la embora. Pelo menos é o que as pessoas tinham lhe dito que ela faria.
– Não sei muito bem, minha senhora – respondeu a escrava – não me agradaram muito. Mas também não foi de todo ruim.
Xena tomou mais um gole em sua taça e aproximou-se mais da jovem mulher. A rainha passou a mão pelos escuros cabelos ondulados da escrava. Acariciou devagar o rosto da jovem e roçou os dedos pelos lábios da garota, que sentiu seu coração subir até a garganta.
– Vou beijá-la agora, Eris – sussurrou Xena – quero que corresponda.
A garota ia verbalizar um sim senhora, mas não pôde, porque a boca da rainha sufocou a resposta. A primeira coisa que a escrava notou foi a maciez dos lábios. Não parecia com nada que já tivesse experimentado antes.
Tentou responder aos movimentos que a mulher fazia, com medo de fazer algo errado e ser punida. Aos poucos o beijo adquiriu um ritmo próprio. A mulher tinha gosto de vinho. Sentiu a língua da governante entre seus lábios e abriu mais a boca. Uma mão da rainha segurou sua cintura e puxou-a para mais perto. Eris descobriu que quanto menos pensava, mais a coisa parecia funcionar.
A rainha interrompeu o beijo. Eris sentiu o medo voltar a assombrá-la, receosa de ter desagradado a mulher, mas se sentiu aliviada ao ver o sorriso no rosto da rainha, além de uma estranha satisfação ao ver a sua senhora passar a língua nos próprios lábios.
– Huuummm – a rainha tinha os olhos fechados – muito bem, escravinha.
Xena andou em direção à cama e sentou-se nela. A jovem sentiu seu coração voltar a pular descontroladamente dentro do peito.
– Vem até aqui, Eris – comandou Xena.
A escrava caminhou até a mulher e parou diante dela, sem saber o que fazer. Sentada, a mulher ficava mais baixa que ela e Eris a olhava, confusa.
– Agora, você me beija – disse a rainha.
Eris hesitou apenas uma fração de segundo, depois inclinou-se e encostou seus lábios nos da mulher. Esperou a rainha fazer algum movimento, mas ela apenas esperava, então Eris começou o beijo, relutante. Começou muito devagar, com medo de arriscar qualquer coisa e ser repreendida, mas a rainha apenas respondia ao que ela fazia. Aos poucos, a escrava foi ousando e o beijo foi se aprofundando.
A rainha passou os braços em sua cintura e a apertou contra seu corpo, entre suas pernas. Sem se dar conta, Eris segurou o rosto da mulher, e se assustou assim que notou o próprio movimento, mas a rainha não a advertiu, então ela não afastou as mãos.
Xena parou de beijá-la, mas não soltou seu corpo. Olhou diretamente nos olhos grandes e negros da jovem, que usou todas as suas energias para sustentar o poderoso olhar, como tinha sido ordenada. Eris reparou como a rainha era linda. Já a vira em outras ocasiões, mas jamais tão de perto. O queixo de linhas angulosas, os lábios bem desenhados, os impactantes olhos azuis e os longos cabelos negros formavam um conjunto que era de tirar o fôlego.
A rainha finalmente a soltou e fez menção de se levantar. Eris deu dois passos para trás, um pouco atordoada.
– Isso é tudo por hoje, escrava – disse Xena.
Eris pestanejou várias vezes, sem entender.
– Minha senhora? – perguntou a escrava, hesitante.
– Disse que já pode ir, Eris.
A jovem baixou os olhos, amedrontada.
– Minha senhora, a desagradei?
Eris novamente só via as sandálias da mulher.
– Escrava, olhe para mim.
Eris ergueu os olhos mais uma vez. Xena tinha uma expressão dura.
– Não gosto de ser questionada – disse a rainha com secura – mas não, não me desagradou. Isso é tudo que preciso de você por hoje. Apenas vá.
– Si-sim, senhora – respondeu a escrava. Fez uma reverência e saiu.
Voltou ao alojamento dos escravos e deitou-se em sua cama. O gosto do vinho ainda a manteve acordada por um tempo.
***
Passaram-se alguns dias até a mandarem novamente aos aposentos de Xena. A escrava apressou-se para ir, e já levantava a mão para bater à porta quando lembrou do que a mulher dissera. Entrou sem se anunciar.
A rainha estava deitada na cama, fumando um cigarro aromático. Dessa vez usava apenas um robe de seda entreaberto, e a escrava percebeu que a mulher não usava nada sob o traje. Enrubesceu.
Pareço uma criança idiota, pensou Eris.
Xena voltou os olhos pra ela e sorriu.
– Vem cá, escravinha. Sente-se aqui – bateu na cama – Já fumou um desses? – perguntou Xena, acenando com o cigarro.
A escrava foi e sentou-se na cama ao lado da rainha.
– Não, minha senhora. É muito perfumado – arrependeu-se do comentário não solicitado e esperou uma admoestação, mas Xena não disse nada.
– Mando trazer esses de Chin. Apenas eu os possuo na Grécia. Quer provar? – estendeu o cigarro para a jovem.
Eris pegou o cigarro, hesitante, e levou-o à boca, dando uma tragada. Ficou tonta e tossiu. Xena riu.
– Requer um pouco de prática – disse a rainha, dando mais um trago – aposto que em breve será especialista. Essas ervas são medicinais. Ajudam na saúde nos pulmões. Pelo menos é o que me prometem os chineses.
– Nunca os tinha visto, minha senhora – comentou Eris, arriscando um pouco mais em sua conversa – as pessoas que conheço fumam outras coisas, mas nunca me interessei.
– Sei – respondeu a rainha – já fumei esses cigarros também. Mas enfim, de que me serve ser rainha se não for para ter o que há de melhor? – estendeu novamente o cigarro para a jovem – tente novamente, desta vez mais devagar, deixa a fumaça fluir naturalmente junto com tua respiração.
A escrava pegou novamente o objeto e fez como a rainha mandava. Sua garganta ardeu um pouco, mas dessa vez não tossiu, e teve a estranha sensação que suas narinas e pulmões se alargavam. Deu-lhe uma leve sensação de relaxamento.
– Hum, muito bem. Aprende rápido – elogiou Xena – gostou?
A escrava pigarreou, sua garganta coçava um pouco.
– É interessante, minha senhora. Acho que gostei. Ainda não estou certa.
Xena sorriu, satisfeita com a resposta. O traje de seda tinha escorregado de seu corpo, que estava praticamente todo à mostra. Divertia-se ao ver que a escrava não sabia para onde olhar. Ficou de lado, apoiando-se em um cotovelo, e olhou para a jovem.
– Deite-se – ordenou.
Eris tinha certeza que seu coração ia explodir ao fazer como a rainha lhe comandara. A mulher esticou o braço por cima do corpo de Eris e apagou o cigarro num cinzeiro que ficava no móvel ao lado da cama. A jovem sentiu o tecido de seda roçar seu corpo.
Xena começou a desfazer os laços do traje marrom da jovem, seus olhos acompanhando cada pedaço de pele que se revelava. Eris tentava controlar sua respiração, mas não conseguia evitar o tremor de seu corpo. Ficou receosa que a rainha a repreendesse por demonstrar medo. Ela não era conhecida por ser uma mulher paciente ou gentil.
Eris viu-se nua. Xena terminou de tirar o próprio roupão de seda. Posicionou-se em cima da escrava e entrelaçou os dedos nos cabelos da jovem. Eris tentava conter a vontade de chorar que lhe acometia.
– Está com medo? – perguntou Xena.
– Si-sim, minha senhora – arquejou a escrava, ao ver a expressão lasciva nas feições da conquistadora.
A rainha a beijou.
Eris se concentrou para corresponder como sua senhora gostava. Sentiu a pressão dos seios da rainha nos seus, uma sensação diferente e inusitada. A língua da conquistadora demandou entrada em sua boca, e Eris entreabriu os lábios. Dessa vez, tinha sabor de ervas. O corpo da rainha se movia com lenta sinuosidade sobre o dela, e Eris sentiu seu próprio corpo começar a responder no ritmo dos movimentos da outra mulher. Trêmula, levou suas mãos até o rosto da governante e deslizou os dedos nos longos fios negros, acariciando sua nuca. Teve como resposta uma mão massageando o bico do seu seio.
O contato fez o corpo da escrava se agitar, e um som inesperado saiu de sua boca. A rainha desceu os lábios pelo seu pescoço, sugando com suavidade a pele macia. Eris sentiu a língua molhada caminhar pela carne de seus seios, e os lábios fecharem-se ao redor do seu mamilo.
Eris tentou não sentir nada, tentou manter-se firme e apenas fazer seu trabalho, mas não conseguia evitar as respostas do seu corpo ao toque da rainha. As carícias eram firmes, a pele era sedosa, os cabelos eram macios e perfumados e a sensação de seu corpo era fascinante. Sentiu a boca da mulher voltar até a sua e percebeu-se buscando aqueles lábios com ânsia. Uma das pernas da rainha começou a mover-se entre as suas, e a pressão da coxa dela em seu sexo estava causando uma sensação extasiante que ela jamais sentira antes com qualquer pessoa.
A boca da rainha voltou a explorar seu corpo, descendo cada vez mais. A escrava já tinha desistido de tentar segurar os sons que saiam de sua boca e, como não fora punida pela sua senhora até agora, resolveu acreditar que não tinha problemas em simplesmente se entregar ao seu prazer.
Quando a língua da mulher percorreu seu sexo, seus quadris saltaram no ar. A rainha lambeu e sugou por toda sua extensão, e na jovem já não tinha espaço para outras sensações que não as irradiações de prazer que emanavam dos movimentos da boca de Xena. Quando a mulher começou a sugar ritmicamente seu centro de prazer, Eris perdeu a si mesma e deixou-se ir até onde seu corpo era capaz.
A rainha saiu de entre suas penas e a beijou. Eris correspondeu o beijo como podia, sentindo-se fraca. Sentiu a mão da mulher se posicionar entre suas pernas e mordeu os lábios.
– Vou fazê-la minha agora, escrava. Será minha? – a rainha roçou sua entrada com dois dedos. Eris estremeceu, mas não sabia mais se era de medo. A mulher sugou seu seio com força, causando uma leve dor.
– Será minha, Eris? Fale – ordenou novamente Xena, mordendo a pele entre os seios da escrava. Doía um pouco, mas Eris percebeu que seu corpo respondia ao estímulo com igual excitação. Conseguiu juntar forças para responder.
– Sim, minha senhora – disse, ofegante.
Xena deslizou com facilidade os dois dedos dentro do sexo encharcado da jovem, sentindo a barreira da virgindade romper-se. Eris apertou os dentes e gemeu com a dor aguda, suas mãos apertando as costas da rainha num reflexo. Xena manteve os dedos parados dentro da mulher enquanto voltava a beijá-la. Quando sentiu os quadris da escrava voltarem a se movimentar sozinhos, começou a também mover os dedos.
Em pouco tempo, a dor sumiu, e Eris viu novamente seu corpo fora de controle sob aquelas carícias. Os dedos da mulher a massageavam por dentro enquanto a boca sugava e mordia sua pele, às vezes suavemente, às vezes ferozmente. A dor confundia-se com o prazer e a escrava se viu novamente arremessada no abismo das próprias sensações, apertando a rainha contra si com todas as forças quando o grito vibrou em sua garganta.
Sentiu Xena retirar os dedos e sair de cima dela, deitando-se ao seu lado. Aspirou o cheiro da fumaça perfumada que voltava a encher o quarto e ouviu a voz baixa da rainha.
– Relaxe, Eris. Aproveite. Quando estiver recuperada, precisarei de uma mão sua. Te ensinarei tudo que precisa saber.
Eris, de olhos fechados, inebriada pelo perfume das ervas, sussurrou baixinho:
– Sim, minha senhora.
0 Comentário