Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

O vento frio assobiava entre as árvores densas e cobertas de gelo enquanto Gabrielle e Terreis se aproximavam da fronteira da tribo das amazonas do norte. A paisagem ao redor era marcada por florestas de coníferas e uma leve camada de neve cobrindo o solo, tornando o ambiente ainda mais desafiador. As duas viajantes caminhavam com cuidado, os passos afundando na neve e os rostos protegidos do frio cortante.

De repente, sombras começaram a se mover entre as árvores à frente, quase invisíveis, mas perceptíveis aos olhos treinados de Terreis. A amazona fez um sinal para Gabrielle parar, segundos antes de um grupo de guerreiras surgir, cercando Gabrielle e Terreis em uma formação defensiva. As mulheres que as cercavam eram diferentes das amazonas gregas; suas vestes eram grossas e pesadas, cobertas de peles de animais para aquecer contra o frio. Os rostos delas estavam pintados com marcas tribais, e suas armas, rústicas mas mortais, brilhavam no claro tom prateado da manhã gelada.

Uma das guerreiras mais altas deu um passo à frente, erguendo uma lança com o olhar fixo nas forasteiras. Seus olhos, estreitos e calculistas, avaliavam as recém-chegadas com desconfiança, sem qualquer vestígio de simpatia.

– Esse é território amazona. Vocês são forasteiras. O que fazem aqui? – a voz da mulher era gélida como o ambiente ao redor.

Terreis se adiantou, dando um passo à frente, e ergueu as mãos para mostrar que não representavam ameaça. Ela se dirigiu à líder do grupo com o respeito devido a uma irmã amazona:

– Saudações, irmãs do norte. Eu sou Terreis, uma guerreira amazona do sul. Minha companheira e eu viemos em paz, buscando a sabedoria e a hospitalidade de sua tribo.

A líder das guerreiras, ainda desconfiada, manteve o olhar fixo em Terreis, mas deu um passo à frente, relaxando levemente a postura defensiva. Observou Gabrielle por um momento e então voltou a atenção para Terreis, estudando cada palavra dela como se buscasse sinais de fraqueza ou falsidade.

Gabrielle, sentindo a tensão no ar, deu um passo à frente também e dirigiu-se às guerreiras com o máximo de sinceridade que pôde transmitir:

– Venho de terras distantes – disse ela, o tom de voz suave, mas firme – preciso de ajuda em um saber espiritual que só as amazonas do norte possuem. Há alguém que amo profundamente e que está em grande perigo. E acredito que, com o conhecimento de vocês, talvez ainda haja esperança de salvá-la.

As guerreiras ao redor trocaram olhares, ponderando as palavras de Gabrielle. Havia um misto de curiosidade e cautela, especialmente quando ela mencionou o amor e a busca espiritual. Era raro para elas que forasteiras se aproximassem com tais motivações, e menos comum ainda que falassem sobre uma busca tão pessoal e profunda.

A líder das guerreiras baixou a lança, mas não completamente. Ela assentiu para Terreis, reconhecendo-a como uma irmã amazona, ainda que do sul. Em seguida, dirigiu-se a Gabrielle com uma voz firme:

– Não costumamos receber estranhos em nossas terras. Mas sua sinceridade e a presença de uma irmã entre nós nos motivam a considerar seu pedido.

Ela fez um gesto com a mão, indicando que ambas deveriam segui-la.

– Vocês serão levadas para conhecer nossa tribo e conversarão com a Rainha. Apenas ela poderá decidir se podemos ajudá-las.

Gabrielle e Terreis assentiram, sentindo um leve alívio ao perceberem que, ao menos, o primeiro passo estava dado. Elas seguiram a patrulha amazona em silêncio, enquanto caminhavam pela floresta coberta de neve em direção ao coração da tribo. As guerreiras ao redor mantinham a vigilância constante, e a caminhada era longa e cansativa, ainda mais no frio penetrante daquela terra.

Ao avançarem, Gabrielle não pôde deixar de se impressionar com a harmonia daquelas mulheres com o ambiente hostil ao seu redor. Elas se moviam com passos precisos e a segurança de quem conhece cada detalhe da floresta.

Quando finalmente alcançaram a aldeia, Gabrielle viu as tendas e cabanas construídas de forma engenhosa, com peles e madeiras reforçadas contra o frio. Pequenas fogueiras estavam distribuídas pelo acampamento, e algumas crianças e mulheres mais velhas trabalhavam silenciosamente, mantendo as fogueiras acesas e a neve afastada. A atmosfera era reservada, mas havia uma força palpável naquele lugar. Aquelas mulheres não apenas sobreviviam ao ambiente selvagem; elas floresciam nele, adaptadas e orgulhosas.

A líder da patrulha indicou uma grande tenda ao centro do acampamento, onde as levaria para falar com a Rainha. Antes de entrar, a líder virou-se para Terreis e Gabrielle, seu olhar ainda alerta, mas agora com um respeito contido.

– Vocês terão a oportunidade de expor suas intenções à nossa Rainha. Escolham bem suas palavras, pois apenas ela decidirá se são dignas do conhecimento que buscam.

Gabrielle e Terreis trocaram um olhar de compreensão e assentiram em silêncio. Elas sabiam que a Rainha das amazonas do norte poderia ser a única esperança para obter a ajuda espiritual necessária para salvar quem Gabrielle amava.

 

***

 

Dentro da tenda aquecida por uma fogueira central, Gabrielle e Terreis foram levadas para se encontrarem com Cyane, a Rainha das amazonas do norte. A rainha estava sentada em uma cadeira rústica, feita de ossos de animais e coberta por grossas peles de lobo, os olhos azuis brilhando com uma inteligência aguçada e autoridade inquestionável. Ela era uma figura imponente, cercada por outras guerreiras que a observavam com respeito, e olhava para Gabrielle e Terreis com um misto de curiosidade e cautela.

Gabrielle respirou fundo, consciente de que suas palavras precisariam ser bem escolhidas. Ela sabia que revelaria parte de sua vida para desconhecidas, mas era a única maneira de obter a ajuda que precisava. Inclinou a cabeça em respeito e começou a falar, tentando manter a voz controlada e firme:

– Cyane, Rainha das amazonas do norte – Gabrielle começou – venho de uma terra distante e humilde. Não sou amazona, conto com o apoio de uma tribo do sul.

Cyane observava com atenção, e Gabrielle sentia que a rainha estava tentando avaliar sua sinceridade. Gabrielle continuou, mas hesitava, sem saber o quanto deveria expor.

– O que busco… – disse, tentando conter a emoção na voz – é uma cura espiritual. Existe uma maldição que ameaça alguém que amo, e temo que, sem a sabedoria das amazonas, não haja como salvá-la.

A rainha Cyane manteve o rosto impassível, mas um leve estreitar dos olhos demonstrava seu interesse.

– Quem exatamente você deseja salvar? E qual é a natureza dessa maldição?

Gabrielle abaixou os olhos, o peito apertado com a dor da lembrança. Tentou manter a resposta breve, mas seu coração não suportava o peso das palavras contidas. Ela ergueu o olhar novamente, e algo em sua expressão começou a se desfazer.

– É… é a mulher que amo – confessou, a voz trêmula – ela foi amaldiçoada por alguém que carrega um ódio ancestral. Ela amaldiçoou nosso amor de modo que não podemos ficar juntas se a maldição não for rompida.

Cyane se manteve atenta, mas ao perceber o sofrimento genuíno de Gabrielle, sua expressão suavizou um pouco. Gabrielle tomou fôlego, mas as palavras agora pareciam ter ganhado vida própria, como um rio que não podia mais ser contido.

– A mulher responsável por essa maldição é Alti – disse Gabrielle, finalmente – quem eu amo tem um passado sombrio, o qual está lutando para superar. Alti não deseja isso, deseja que ela permaneça imersa nas trevas e por isso tenta nos manter afastadas, pois sabe que nosso amor seria uma luz na escuridão da alma de quem eu amo.

A menção de Alti fez Cyane se inclinar para frente, as feições endurecendo em uma expressão de ódio contido. Ela cerrou os punhos e sua voz saiu como um rosnado:

– Alti… aquele monstro amaldiçoado. Ela destruiu muitas vidas entre meu povo. Fez de nossos espíritos seu brinquedo, arrancando o que nos era sagrado para satisfazer sua fome de poder. Se ela está por trás disso, então o que você carrega não é apenas uma busca sua; é uma missão de vingança para cada amazona que já sofreu sob as mãos de Alti.

Gabrielle assentiu, surpreendida pela intensidade do ódio de Cyane por Alti, mas ao mesmo tempo sentindo-se compreendida em seu próprio tormento. Terreis segurou a mão de Gabrielle brevemente, transmitindo um apoio silencioso.

Cyane levantou-se, o olhar decidido e a postura cheia de determinação.

– Alti já destruiu demais. Suas maldições envenenaram nossos campos e desonraram nosso sagrado. Se é contra ela que você luta, então você tem meu apoio e de toda a nossa tribo.

Com um gesto rápido, Cyane chamou uma das guerreiras à sua direita.

– Busquem Yakut imediatamente – depois voltou-se para as duas estrangeiras à sua frente – tendo a acreditar em você, mas Yakut será a verdadeira juíza de suas intenções. E nem pense em enganá-la: ela vê além do visível.

Em poucos minutos, a figura de Yakut entrou na tenda. Ela era uma jovem amazona com olhos escuros e profundos, vestida com peles rústicas e adornada com pequenas conchas e penas. Seus movimentos eram silenciosos e solenes, e ela parou diante de Cyane com uma leve reverência.

Cyane apontou para Gabrielle e começou a explicar a situação, detalhando o envolvimento de Alti e a urgência da situação. Yakut ouviu em silêncio, e ao final, assentiu, seus olhos já em chamas de determinação.

– Gabrielle, venha comigo – chamou Yakut, sua voz tinha um toque de suavidade e de mistério – venha para a minha tenda e me conte em detalhes tudo sobre a maldição, para que possamos descobrir como derrotá-la.

Gabrielle trocou um olhar com Terreis, que lhe transmitiu encorajamento. Com convicção renovada, Gabrielle seguiu a jovem xamã.

Nota