Xena e Melosa então se dirigem para o salão de missões. Chegando lá, encontram com James e Anthony já sentados na arquibancada. “Por pouco, está para começar, está tudo bem?” Os dois olham lá no fundo o esquadrão Trovão entrando, e logo atrás deles, quatro soldados da polícia militar do ar que não tiram os olhos deles.

Sim, tudo bem, digamos que daqui pra frente sem incidentes conosco, já com eles” Ela olha para o esquadrão lá no fundo “Não tenho tanta certeza, espero que andem na linha…”.

James olha para a Major preocupado “Não James, fica em paz, o negócio subiu mesmo, se eu não reportasse, o oficial do dia teria reportado, então tá tranquilo, eles parecem ser boa gente, só precisavam cair na real mesmo…” James reclina na cadeira se acalmando.

Repentinamente o oficial do dia entra no palco e entoa “ATENÇÃO!”, todos sincronizadamente se levantam e prestam continência para a oficial que entra no recinto. Uma mulher de cabelos escuros, visão cerrada, e olhar afiado, passos calmos porem ressoando os estalos das botas de aviadora. Vestida em um terno com insígnias de Brigadeira do Ar, em seu bolso de peito uma plaqueta prateada inscrito seu nome de guerra Carter.

“DESCANSAR!!!” A voz do oficial ecoa novamente no lugar e todos se acomodam em suas cadeiras.

Atenção senhoras e senhores, hoje nossa instrução de missões será conduzida pela nossa comandante Coronel Glaucia e a Brigadeira do Ar Carter, gostaria de lembrar que, hoje o espaço para perguntas será reservado ao término das instruções.”

A brigadeira se aproxima do centro do palco enquanto ligam o display digital no fundo do palco. “Bom dia base aérea de Cronos!” todos em uníssono respondem “Bom dia, senhora brigadeira do ar!”.

Vejo que estão animados para as missões, pois bem, hoje é um momento único em nossa história, pois participaremos de um exercício intercontinental que unira as forças de Osea, Yuktobania, Sapin, Ustio, Gebet, Aurelia e Usea…” Os esquadrões se entreolham pasmos com o tamanho da operação, porém permanecem atentos a fala. 

O treinamento coordenado, dividido em duas forças concorrentes, uma liderada por nós e outra liderada por Yuktobania, sim eles são nossos inimigos no exercício, porém vou lembrá-los que é SOMENTE no exercício…” A postura e fala da brigadeira do ar são mais firmes, pausados, para garantir que todos acompanhem o raciocínio. “Agora passo a palavra para a Coronel prosseguir com a Instrução”, a brigadeira então se afasta do palanque e a coronel inicia a instrução. 

“O Exercício se consistirá na simulação de 3 tipos de combate, 1. por interceptação de forças invasoras, 2. Contra-Ataque e 3. Ataque, há um quarto cenário avaliado, que somente será conduzido dependendo dos resultados em conjunto dessas 3 simulações…” Por um breve instante, Glaucia segura um laser em suas mãos, um pouco inquietas, denunciando discretamente a tensão que passa em sua mente.

O objetivo desse exercício é simular possíveis ações que a Central Integrada de Inteligência têm mapeado a respeito de movimentações de tropas e arsenais não convencionais em Belka, Erusea, Estovakia, Nordennavic, que…” Por um momento ela olha para todos e dá um suspiro.

Com o apoio das centrais de inteligência de Yuktobania e Sapin, identificamos que essas nações, do que chamamos de Aliança do Norte, estão coordenando exercícios semelhantes, porém movimentando tropas entre as nossas fronteiras e de nossos aliados. Inclusive movimentando arsenais táticos [subentende-se nucleares]…” A tensão com que ela diz isso reflete em todos, inclusive em Xena.

Tendo dito isso, Trabalharemos cada cenário como fase do exercício.” A brigadeira do ar aponta o laser para a apresentação digital no telão. “Na primeira fase, nós permaneceremos de prontidão enquanto os caças de Gebet, Sapin e Ustio realizam a patrulha pela zona de treinamento. Estejam prontos para decolar caso alguma das patrulhas identifique inimigos na área, que seja no mar, solo ou ár. Suas equipes de manutenção já estão de aviso prontas para equipar os caças com base no tipo de combate…” 

Na segunda fase, as forças de Yuktobania irão simular uma invasão a partir do litoral Norte e Sul da Aliança, onde nosso objetivo é conter o avanço e contra atacar nessas posições estratégicas, os líderes de esquadrão receberão as coordenadas aproximadas dos alvos sequenciais, primários, secundários e terciários…”

“Na terceira parte, iremos simular as capacidades de iniciativa da aliança, a fim de compreender nosso grau de precisão e assertividade, em ataques cirúrgicos em pontos vitais que incapacitariam qualquer avanço inimigo, ou retardem o contra-ataque.”

“Com base no desenvolvimento desses cenários dentro do teatro de operações, iremos iniciar a quarta fase, que será, a capacidade de reação diante de um conflito com uso de armas táticas, e nossa capacidade de reação.”

Assim a coronel conduziu a instrução e antes de dispensar o contingente da base resolveu acrescentar algo. “Desta vez eu também participarei do corpo tático de operações, e com base no sorteio realizado em conjunto com os adidos militares presentes, e sob a supervisão da brigadeira Carter, estarei destacada no esquadrão Espada, como sendo a Espada 5, a princípio para acompanhar de perto as missões, mas também para atuar na linha de frente.

Um pouco depois elas dispensaram os esquadrões para se prepararem para o treinamento, assim, aos poucos o salão vai se esvaziando em meio aos burburinhos e bate-papos. Xena percebe que a Coronel olha em sua direção e acompanhada de Carter, se aproxima de seu esquadrão, prestes a se levantarem.

Pessoal, elas estão vindo, vemos nos comportar, combinado?” Os três pilotos a olham e levantam um sorriso enquanto assentem com a cabeça concordando. “Muito bem, vamos nessa…”. Xena se levanta em posição de sentido, sendo acompanhada por seus pares.

Glaucia e Carter se aproximam com um olhar firme, lembrando bastante a braveza dos seus antigos instrutores da academia, e permanecem paradas diante deles. “Bom dia senhoras e senhores…” Carter se dirige ao esquadrão, que é respondida com um sincronizado “Bom dia senhora brigadeira e senhora coronel!”. 

A brigadeira olha para Glaucia, que permanece com o mesmo olhar penetrante de antes, porém interrompido para trocar olhares com sua oficial superior, por alguns segundos se encaram, mas deixam de lado as formalidades e esboçam uma calma sorridente. “Então esse é o esquadrão Espada, que privilégio, prazer em conhece-los, ouvi muitas histórias de vocês.” É possível notar uma pitada de curiosidade e animação na brigadeira, enquanto recebe da coronel um cruzar de braços e um sorriso de canto de boca. “Sim, só vamos precisar conferir se são verídicas, não é mesmo James?”.

O esquadrão olha para James, que arregala os olhos, enquanto cora discretamente e solta um sorriso sem graça. “Ei James, calma, é bricadeira, suas histórias são bem divertidas… Inclusive a do treinamento de ontem, daqui a pouco vai ganhar o apelido de parafuso, haha”. O restante do esquadrão parece relaxar um pouco e se permitem acompanhar a risada das oficiais.

Acho que vou incluir isso no meu relatório…” A brigadeira do ar leva uma mão ao queixo, pensativa “Você já chegou a contar aqui essas histórias para o restante da base?”. James por um instante balbucia “Não, senhora brigadeira, mas seria muito legal se pudesse.” Anthony, Melosa e Xena olham para ambos, levemente empolgados.

Posso providenciar isso então, só preciso saber o que os demais achariam disso…” A brigadeira levanta os olhos mergulhando-se na idéia “… a partir de hoje, mais do que nunca, melhor dizendo, será necessário termos alguns tipos de entretenimento, nunca se sabe quando o clima pode ficar mais pesado, e… nervosismo de mais pode causar baixas, não quero isso…”.

Xena por um momento volta seu olhar para a coronel, esperando pacientemente pelo inicio do diálogo, que não demora muito a ocorrer. “Major, eu entendo que essa inclusão no esquadrão pode ser inesperada, porém necessária, e, pode ficar tranquila que estamos juntas nessa, e, a partir de agora, pode me chamar de Glaucia.” Ela levanda a mão para um cumprimento, que é correspondido pela major, mais descontraída agora.

Excelente, Coro… digo, Glaucia.. vamos então para os preparativos?”, a coronel ergue um sorriso e responde “Claro…”, logo a seguir se vira para Carter e presta continência, acompanhada dos demais do esquadrão. 

Carter corresponde a continência e responde: “Comportem-se lá em cima, ok?

Esquadrão Espada: “Sim senhora.

O esquadrão então se dirige aos dormitórios para perararem os trajes de vôo, bem como os suprimentos, porém ao entrarem no corredor principal do alojamento, reparam que são observados, o esquadrão trovão permanece parados olhando com admiração, porém um arrepio surge neles quando percebem Xena os encarando firmemente, por um instante, e instintivamente batem continência. Desta vez são retribuidos por uma versão mais discreta de continência, acompanhado por um leve sorriso descontraído, o que os tranquiliza.

Foram esses os levados, né?” a coronel comenta em um sussurro, atraindo a atenção da major “Sim senhora, mas já deu tudo certo, vão andar na linha…”. Pouco depois já estão na porta de seu dormitório, e reparam uma leve mudança: uma nova cama, e armário foram acomodados no canto. Xena olha para a coronel, surpresa, porém antes de falar algo é surpreendida “Não vejo sentido fazer parte do esquadrão e ter um escritório própio, acho que você me entende, certo?”. A major permanece a olhando por um instante, demonstrando uma admiração. “Claro, faz de conta que a casa é sua…”, ao ouvir isso, a coronel então entra e se junta nos preparativos.

James, Anthony e Melosa permanecem com um ar vigilante, tentando fazer tudo de uma maneira formal, como se estivessem em uma exibição de disciplina e coordenação. Glaucia acena para Xena e permanecem assistindo, porém a coronel a olha, um tanto surpresa. “Gente do céu, esse é o efeito que causo na base, é?” Xena a olha e responde em um sussurro. “Uhum, é algo natural da senhora, não referente ao posto, em si, parece fazer parte da sua essência.” A coronel de braços cruzados permanece olhando por alguns instantes, porém os chamam.

“James… Melosa… Anthony, poderiam vir aqui?”. Os três param e se aproximam dela. Antes que prestassem uma nova continência, ela os interrompe sinalizando com a mão. “Gente, relaxa um pouco, antes do posto, vêm a pessoa, podem se sentir a vontade.” Por um instante eles olham perplexos para ela, mas percebem, pela primeira vez aquela figura, outrora tão firme, esboçar uma leve timidez.

Claro senho… Glaucia…” Os três respondem em unissono e a puxam para conversar enquanto terminam de se preparar.

Xena, que já estava pronta, permanece apoiando-se sobre um ombro na parede, de braços cruzados, observando os demais interagindo. “Talvez tenha vindo em boa hora esse exercício, deve ser bem difícil estar no comando, é uma posição um tanto solitária… espero que a faça bem essa integração…”

Para estranheza do esquadrão, a coronel consegue demonstrar a tranquilidade e simplicidade que ninguém da base conhecia antes. “Eu não cheguei ao meu posto da noite para o dia né, comecei como recruta voluntária…”. James, por um momento a interrompe, aproveitando uma leve pausa “O seu nome de guerra era Rainha, né?.

“… Eram outros tempos…” Ela levanta o cenho enquanto olha para frente, sem focar para onde olha. James então se levanta. “A rainha dos ares de Osea, diz a lenda que em combate ela permanecia distante, rondando, sondando cada movimento, mas quando entrava no combate, executava manobras absurdas, em um mergulho abatia de 3 a 4 inimigos…” Os demais permaneciam atentos assistindo enquanto James aprofunda cada vez mais cada conto a respeito da coronel. “… Se não batiam em retirada na primeira passagem, ela os afugentava com base nas manobras, passava entre as formações, ia de encontro a eles, numa velocidade absurda… Foi daí que surgiu a manobra Ghall…”

Xena arregala os olhos e olha para a coronel “Tá de brincadeira, foi a senh… digo, você quem a inventou?” Ela recebe um sim estampado com um sorriso de orgulho, porém contrastando com a resposta, “Nada de mais, na verdade, nem pensei na hora, foi improvisado, estávamos em menor número naquele momento…”. Anthony e Melosa aparentam estar confusos, nunca haviam ouvido sobre essa manobra, entretanto James prontamente os ambienta no teatro de batalha imaginário. “Sim, a manobra só é possivel caso tenhamos ao menos 2 caças na desvantagem, digamos quatro contra dois, sendo caçados…”

Os olhos de todos permanecem vidrados na encenação, até que James pega emprestadas as miniaturas emprestadas das cabeceiras do dormitório, ao todo 6 caças, entregando um para cada e mantendo dois consigo mesmo. Começa a dança encenando as manobras, cada um imaginando seu papel no combate, Xena e Melosa perseguem o caça na mão direita de James, enquanto Anthony e Glaucia perseguem o da esquerda.

A seguir ele manobra os caças até estarem um de frente para o outro, faltando pouco para o choque, ele simula o caça da direita guinando um pouco, enquanto outro vira de barriga para baixo e mergulha, os atacantes acompanham, porém repentinamente os caças invertem sua posição, o da direita mergulha enquanto o outro guína, todos percebendo a mudança, tentam acompanhar, porém pelo menos 2 dos perseguidores se chocam enquanto os que sobraram estão mais preocupados em se afastarem da colisão, e aproveitando a distração, dando espaço de sobra para os modelos que James segura, Assim seus modelos se posicionam atrás dos fujões enquanto ele entoa frenéticamente os bips do alarme indicando que os alvos estão travados pelo radar, e todos percebem que a batalha está ganha.

Impressionante!” Melosa parece pasma com a acrobacia, é interrompida pela coronel “Arriscado, se tivesse vacilado um pouco na angulação, teria me chocado com meu ala…” Dá para notar o pesar no falar, enquanto todos admiram a corajosa manobra.

O silêncio não dura muito, dos alto falantes espalhados pelo corredor começa a ser entoado a sirene de alerta e a voz da brigadeiro um pouco abafada “Atenção! Aeronaves não identificadas invadiram nosso espaço aéreo, preparar para decolagem imediata, Esquadrões escalados para a interceptação: Aquilla, Falcão, Mercúrio e Juno, demais esquadrões permaneçam em prontidão, protocolo verde”.

Já a caminho da saída do prédio, o Esquadrão Espada permanece em solo, aguardando novidades, enquanto acompanham com os olhos os demais escolhidos em disparada rumo aos caças já ligados e prontos para decolar.

O bramir dos jatos emite um som levemente agudo, porém rapidamente se tornam em rugidos após os caças se alinharem na pista e acionarem a pós-combustão, formando gigantescos cones dos escapes na parte de trás das aeronaves, a cada passada as paredes e janelas vibram levemente.

A atenção dos demais se volta para a estação de rádio localizada no mesmo salão, alguns pilotos trouxeram seus modelos em miniatura, enquanto ouvem a comunicação no rádio, vão posicionando elas em cima das mesas de bilhar, como em um gigante jogo de xadrez.

Todos permanecem em silêncio até ouvirem o diálogo entre os pilotos e o AWACS operando no momento, que dessa vez era o Avenger II, veterano da última guerra contra Erusea.

AWACS Avenger II: “Avenger II para Aquilla 1, Avenger II para Aquilla 1, na escuta?

Aquilla 1: “Aquilla 1 para Avenger II, na escuta, prossiga!” A voz entoa pelo lugar levemente abafada.

AWACS Avenger II: “Foram localizados 8 pardais se aproximando pelo norte, rumo em 175, repito, 8 caças não identificados, sem resposta, rumo 175 para interceptação, altitude 15 mil pés. Interceptação autorizada, Aguardem autorização para abrir fogo. Copia?

Aquilla 1: “Aquilla 1, copiado, 8 pardais, rumo 175 a 15 mil pés, interceptação ok, fogo: aguardar ok… Aquilla 2?”

Aquilla 2: “Aquilla 2 falando, copiado!”

Aquilla 1: “Aquilla 1 para Aquilla 3, copiado?”

Aquilla 3: “Aquilla 3 para Aquilla 1, copiado!”

Aquilla 1: “Aquilla 1 para Aquilla 4, copiado?”

Aquilla 4: “Aquilla 4, copiado!

A seguir em ritmo frenético, os demais esquadrões repetem as mesmas falas, e iniciam a se movimentar. Nas mesas dá para observar os pilotos reorganizando as miniaturas enquanto tentam reproduzir cada movimento reportado, cada vez mais se aproximando dos alvos.

Os esquadrões liderando a aproximação são Aquilla e Trovão, em formação de ponta de flechas, enquanto que Mercury e Juno estão mais atrás em formação aberta, como se fossem duas paredes.

AWACS Avenger II: “Avenger II para Aquilla e Trovão, alvos à 15 milhas… 13 milhas… 11 milhas…

Aquilla 1: “Copiado! Esquadrão Aquilla, formação aberta!” Seus alas confirmam a ordem e se posicionam.

Trovão 1: “Copiado! Esquadrão Trovão, formação de cobertura!” Os alas confirmam a ordem, exceto Trovão 2.

Trovão 1: “Trovão 2, na escuta???” Sem resposta por alguns segundos.

Trovão 2: “Trovão 1, inimigos às 6 horas! Inimigos às 6 horas!!!

Trovão 1: “Esquadrão Trovão, Quebrar formação! Quebrar formação!!

AWACS Avenger II: “Trovão 1, reporte status!

Trovão 1: “Trovão 1 falando, são 4 esquadrões, 2 atrás de nós, altitude 20 mil pés, 3 milhas, em evasão agora!

AWACS Avenger II: “Copiado! Esquadrão Mercury, dê cobertura para o Esquadrão Trovão… Esquadrão Juno, se junte ao Aquilla para interceptação!

Trovão 1: “Rumando a 225, repito… Rumando a 225

Mercury 1: “Copiado, ajustando rota para 225…”

Os esquadrões no saguão permanecem atento ao diálogo, as peças vão se movimentando rapidamente naquele tabuleiro verde, cada um dos membros do esquadrão trovão permanecem sendo perseguidos por duplas de inimigos, executando manobras evasivas, tentando entrar em formação de contra-ataque, enquanto o esquadrão Mercury se aproxima rapidamente deles.

Xena permanece analisando as peças já se posicionando, então se aproxima da mesa, acompanhada do seu esquadrão. Apoiando o queixo sobre uma das mãos, ela sussurra para a coronel “E aí, o que acha disso, vão conseguir se livrar dos inimigos?”. A coronel revê as posições por mais alguns segundos “Acho difícil, mesmo com reforço o esquadrão trovão está em desvantagem…”. Xena permanece olhando e comenta preocupada “… e o esquadrão mercury não vai dar conta de abate-los a tempo, 2 pra 1… vamos ver no que vai dar”

Do rádio surge uma voz com sotaque carregado “Lobo 1 para Trovão 2, mira travada, uivo 1 [esse apelido era usado para indicar o lançamento de um míssil, em treinamento]”.

AWACS Avenger II: “Copiado Lobo 1, Trovão 2 abatido, retornar à base…”

Um pouco depois ouve-se “Lobo 2 para Trovão 3, mira travada, uivo 1…”, a seguir Avenger II confirma o abate e ordena o retorno a base, o mesmo se segue para o Trovão 4, como uma matilha o esquadrão yuktobaniano vai eliminando um a um dos caças de ambos os esquadrões, sofrendo somente uma baixa feita por Trovão 1, porém recebendo a mira travada dos lobos 2, 3, 5 e 7.

Enquanto isso, soa o alarme novamente. “Atenção esquadrões, aeronaves de grande porte identificadas na zona de operações, preparar-se para interceptação! Esquadrões escalados, Espada e Júpiter”. Xena olha para a coronel que assente com a cabeça “Vamos nessa”. Assim, o esquadrão sai em disparada para seus caças, já posicionados fora dos hangares e ligados, são modelos com asas em delta, semelhante ao gripen, recém implementados na frota oseana, cada membro entra em seus cockpits e rapidamente se acomodam.

Os mecânicos apressam-se guardarem os degrais sob a fuselagem dos caças e se afastam enquanto as bolhas de acrílico se fecham, acenando as coordenadas que devem seguir até a pista.

Esquadrão Espada, confirmar retorno!” Xena soa um pouco rouca pela máscara de oxigênio, escuta cada um confirmando que a ouvem, e iniciam sua ida para a pista.

Espada 1: “Espada 1 para Espada 5, gostaria de liderar a formação?” Xena pergunta curiosa.

Espada 5: “Espada 5 para Espada 1: Obrigada, mas estou confortável aqui, pode prosseguir.

Espada 1: “Espada 1, confirmado, formação estreita, preparar para decolagem…

Os caças terminam de se alinhar na pista, uma última checagem é feita nos controles, e após confirmarem que todos estão prontos para decolar, Xena retorna ao rádio.
Espada 1: “Espada 1 para Avenger II, permissão para decolar!”.

AWACS Avenger II: “Permissão Concedida, subida de máxima performance autorizada”.

Espada 1: “Copiado, subida de máxima performance, Esquadrão Espada, decolar!

Xena move a manopla de potência do caça, que começa a vibrar levemente, da parte de trás da aeronave, surge o cone azulado e amarelando até se dissipar, sua extensão prolonga-se por alguns metros, quase sendo do mesmo tamanho do próprio caça, parecendo que ele mesmo está ansioso para sair em disparada. Freios são soltos e a nave começa a ganhar velocidade, por um instante ela olha ao seu redor e consegue ver seus alas em formação com ela, acompanhando a aceleração.

Poucos metros depois ela puxa o controle para trás e seu caça começa a inclinar-se para cima, aumentando gradativamente a angulação, até estarem quase na vertical. A base cada vez mais começa a diminuir de tamanho enquanto atravessam as nuvens, e o azul do céu vai ficando cada vez mais escuro.

Durante a subida escutam novamente Avenger II no rádio “Atenção Espada, inimigos rumando a 210 graus, altitude 30 mil pés, distância aproximada de 100 milhas, interceptação autorizada”, Xena responde “Espada 1, copiado!”, após uma checagem no esquadrão, eles prosseguem subindo até chegar na altitude apontada, viram em um semi parafuso, e alinham suas aeronaves, terminam a manobra com mais um giro para ficarem de cabeça para cima, e partem em direção ao esquadrão inimigo.

Pouco depois de se alinharem, percebem os cones nebulosos se formando ao redor das aeronaves, e a seguir os estrondos, indicando que sua velocidade superou a barreira do som, enquanto isso, eles permanecem em silêncio, acompanhando os sinais exibidos nos radares, à medida em que avançam.

AWACS Avenger II: “Esquadrão Espada, na escuta?

Espada 1: “Espada 1, na escuta, prossiga?”

AWACS Avenger II: “Invasores identificados, bombardeiros estratégicos, cautela é recomendada, provavelmente estão escoltados, distância ao alvo, 50 milhas.

Espada 1: “Copiado, 50 milhas, bombardeiros, talvez com escolta… Esquadrão Espada, formação aberta, alvos podem ter escolta.” Xena, franziu suas sobrancelhas, enquanto seus alas confirmam a ordem e abrem a formação.

A coronel observa a frieza da líder, porém não comenta nada, no momento, aguardando o próximo passo, que não demora muito a surgir. “Esquadrão Espada, ativar armamento e disparar sinais IFF [identificador de origem da aeronave, usado para triangular se são inimigos ou aliados, dependendo da frequência retornada…].

“Sem resposta, não é bom…” Xena olha por mais alguns instantes, porém ainda nada, a seguir sua pulsação acelera, um novo chamado é feito por Avenger II, avisando que faltam 25 milhas até o alvo.

De repente, surge alerta de mira passiva sendo travado no seu caça, imediatamente ela abre o rádio “Esquadrão Espada, mira adquirida, dividir formação!”. Faltam 10 milhas para os alvos quando ela percebe algo de errado, no horizonte, surge uma fumaça esbranquiçada, de formato cilíndrico, seus sistemas de defesa começam a apitar o alerta de míssil disparado. Instintivamente ela pressiona o botão que dispara múltiplos flares luminosos no ar, enquanto inicia uma acrobacia para a direita. Ao mesmo tempo reporta o que está ocorrendo. “Avenger II, Espada 1 sob fogo real, interceptação abortada, entrando em combate! Espada 2, cobertura, Espada 3, 4 e 5, rolagem à esquerda, fogo permitido, repito, fogo permitido!!!”. Seu caça faz uma curva à direita, dando a impressão de que está deslizando de traseira pelo ar, porém logo é estabilizado, e seu radar identifica o atirador.

Em fração de segundos, a mira trava no alvo e ela dispara um míssil de curto alcance “Espada 1, raposa 1!”, logo depois, antecipando que seu oponente pode conseguir se desviar ela dispara mais um míssil “Espada 1, raposa 2!!!”.

Ela empurra o acelerador ao máximo, enquanto gruda no assento e observa os mísseis indo na direção do inimigo, ao mesmo tempo, ela consegue obter um zoom da mira travada, sendo capaz de observar em mais detalhes de quem se tratava. Uma aeronave escura na parte de cima, branco em baixo, decorado com uma bandeira cinza clara, branco e preto, que são as escalas de cinza da câmera, porém o formato é familiar, um caça belka. Imediatamente ela consegue registrar uma foto, apertando um dos botões do computador de bordo, e outro a seguir, que envia os dados para o Avenger II.

Avenger II, Espada 1 falando… enviei uma foto do inimigo identificado, confirmado, inimigo é corvo vindo do leste, corvo vindo do leste!” [nesse contexto, pardais seriam inimigos no exercicio, corvos são inimigos reais].

“Avenger II para Espada 1, verificando… confirmado, fogo real permitido, fogo real permitido, reforços à caminho, aguentem firme!!!” A voz do operador parece trêmula, reafirmando nela a sensação de que o pior pode ter começado.

Logo depois, ela identifica a falha do primeiro míssil, confirmando sua suspeita, o piloto parece habilidoso, porém nem tanto, enquanto ele tentava um loop soltando dezenas de flares, o segundo míssil o atingiu na calda, gerando um rastro de chamas e descontrolando o caça dele, a seguir, é possível ver um pára quedas se abrindo, enquanto a aeronave hostil mergulha em queda livre.

Pelo rádio ela ouve James e Anthony travando suas miras e repetindo as ações que ela mesma conduziu, tornando mais dois inimigos em enormes bolas de fogo, porém não tem certeza de quantas ameaças há nos arredores.

Xena muda o sistema ativo de armamentos para o de trava múltipla, a fim de identificar quantos alvos há adiante e instrui os demais membros a acompanharem no monitoramento, as travas vão encontrando seus alvos, aproximadamente 20 aeronaves, entre grandes e pequenas. “Travando miras, fogo a vontade, repito, fogo a vontade!”. Sua voz desta vez está um pouco rouca, em virtude da respiração acelerada. Porém assim que o computador de bordo apita confirmando que os alvos estão travados, ela aperta o gatilho, o caça dá um tranco forte, e repentinamente é abraçado bela fumaça dos mísseis disparados.

Alguns segundos depois surgem as labaredas adiante, confirmando os abates bem sucedidos, ela manobra o caça para uma altitude maior, mais à esquerda enquanto observa os radares, nenhum sinal de ameaças, nem dela, nem dos demais, porém notam alguns bombardeiros se despedaçando pelo ar, conseguem repara nos pára-quedas, dezenas se abrindo.

Aquela voz do AWACS parece bem abafada dessa vez, Xena mal consegue a ouvir, porém ela repete incessantemente “Cessar fogo, aeronaves abatidas, nenhuma ameaça nova identificada, retornar à base o quanto antes, repito, retornar à base o quanto…” Ela escuta um chiado, tremendo o pior ela se dirige ao esquadrão “Pessoal, baixem as viseiras, agora!”.

Sem compreenderem direito o que se passa, eles seguem a ordem, e logo depois, tudo fica branco, ofuscante, somente voltando ao normal após alguns segundos. alguns minutos depois, suas aeronaves são chacoalhadas por uma fortíssima onda de choque, Xena sente que esse clarão foi gerado atrás deles, e percebe o cogumelo gigantesco se formando atrás deles, bem onde ficava a base aérea.

Droga! acertaram a base…” Xena comenta pelo rádio.

E agora, para onde vamos?” James pergunta desorientado.

Calma, vamos encontrar um jeito de voltar…” Xena pensa em chamar a coronel, porém como se fosse capaz de ler sua mente, ela a chama. “Espada 1, temos próximo daqui o Kestrel III, podemos pousar nele, me sigam.” Xena dá um suspiro e junto com os demais alas entram em formação ao redor da Espada 5, e mudam sua rota para o porta-aviões, enquanto James, Anthony e Melosa permanecem sondando os arredores.