Após garantir que todos estão seguros, e tendo a confirmação de que não há qualquer ameaça ao redor, Xena por um breve instante liga o piloto automático e fecha seus olhos, dando alguns suspiros a fim de recuperar parte de seu fôlego, entretanto ela vê mentalmente a lembrança daquela nuvem envolvendo um anel, porém não lembra da cor, ela se esforça mais um pouco, revivendo o momento mais algumas vezes, até que finalmente consegue identificar, tons de azul. 

“Espada 1, na escuta? Vamos… responda… Alguém aí?” Ela ouve o chamado pelo rádio, ainda bem carregado com o chiado de uma interferência desconhecida. Porém ela abre seus olhos, tenta responder “Espada 1, na escuta, identifique-se!” por alguns instantes aquele silêncio permanece em meio ao ruído já irritante. “Espada 1? Céus, que alívio, aqui é Avenger II, todos bem por aí? Estamos com uma interferência severa nos radares, mas ainda bem que usamos a frequência antiga dessa vez…”

Xena ergue um sorriso de alívio, seus colegas do esquadrão empolgados balançam as asas dos caças em comemoração, Xena abre o canal para que todos possam interagir com o AWACS. “Advinhem quem está na linha?”. A aeronave de patrulha ouve cada um fazendo uma piada boba, enquanto ouvem a tripulação caindo na risada e comemorando. 

Xena então interrompe por um instante o festejo “Avenger II, tem noticias da base?” um silêncio tenebroso se segue, porém eles respondem “Ainda não, mas provavelmente o efetivo está seguro no abrigo subterrâneo, só vai levar um tempo para descontaminarem o local da radioatividade…” 

“E se não tiver radioatividade?” Todos emudecem enquanto ela pergunta para a coronel “qual a cor de uma explosão nuclear?” Val responde com precisão “Depende, se for atômica, bem alaranjado, termonuclear é mais amarelado…” marelada, um pouco esbranquiçada… Espada 1, qual era a cor que você identificou?” Xena por um instante busca ter certeza do que lembra, então diz “Era azulado, teria alguma ideia do que seria?” ela sabe, porém quer ter certeza.

A coronel permanece pensando um pouco, porém James preocupado a chama “Espada 5? Na escuta? tudo bem?” ela nota que a ansiedade começa a tomar conta de todos e responde “Espada 1, essa explosão não foi radioativa, era uma bomba P.E.M.[Pulso Eletro Magnético, usado para destruir sistemas eletrônicos], tenho certeza disso…”.

Malosa então em um lampejo “Espada 2, então podemos voltar para a base??” Xena a interrompe “Ainda não, qualquer aparelho eletrônico que se aproximar nas próximas horas vai fritar, temos de pousar no Kestrel III, Espada 5, estamos próximo dele?”, sua voz aparenta uma forçada calma, porém em seu íntimo a impaciência está a dominando aos poucos.

“Sim, vamos subir um pouco para reduzirmos o consumo, ok? 35 mil acho que está bom…”, Xena responde “Entendido, quando quiser, estamos no aguardo.”, assim ela dá uma guinada no seu caça, e o restante do esquadrão a acompanha. “Reduzir velocidade para Alpha Sierra 350 nós [em resumo Alpha Sierra é como a aeronáutica soletra, nesse caso a sigla é ‘A.S.’, uma abreviação para Air Speed, a velocidade do vento, que pode variar dependendo da altitude…]”, o restante do esquadrão novamente acompanha o comando, enquanto vasculham os arredores.

Depois de alguns minutos James avista à sua direita o dissipar de ondas em formato de flecha, da distância que estão parece algo extremamente pequeno, porém de perto é enorme. “Espada 5, às 14 horas, rastro de ondas rumando a 310 graus, deve ser o Kestrel III?”.

“Finalmente! É ele, Espada 1, quando o sol se põe?” A coronel, aparenta um certo alívio, porém por precaução cita a primeira parte da senha à moda antiga, usada para distinguir aliados e inimigos se aproximando. “As corujas vão caçar…” Xena responde enquanto olha para aquela trilha na água se aproximando.

“Excelente Espada 1, estamos prontos para aproximação, poderia fazer as honras, por favor?”, a coronel soa mais tranquila. Xena então dá um suspiro, muda a frequência do rádio para a usada em casos de emergência e chama pelo porta-aviões.

Espada 1: “Espada 1 para Kestrel III, Espada 1 para Kestrel III, consegue nos ouvir?”

Eles permanecem aguardando por alguns minutos, e de repente ouvem um chiado, e uma voz mais jovem a falar:

Kestrel III: “Quando o sol se põe…”

Espada 1: “As corujas vão caçar…”

Kestrel III: “São eles pessoal!!! Estão a salvo!” A comemoração da tripulação começa a vazar pelo rádio, e todos do esquadrão ouvem levemente tímidos, mas com um sorriso no rosto.

Kestrel III: “Pera pessoal, calma! Eles tem de pousar… Espada 1, aproximação autorizada, repito, aproximação autorizada! Se aproximem pela proa, à 310 graus, e venham logo, hein!”, a comemoração continua.

Como os caças que estão usando não possuem o famoso gancho para agarrar nos cabos de frenagem, a tripulação começa a preparar as barreiras elásticas de emergência para conseguirem frear cada um do esquadrão.

Ainda faltando algumas milhas para chegarem, A coronel chama Xena pelo rádio com uma ideia para elevar o ânimo dos demais. “Que tal um rasante pela pista antes de pousarmos?” Xena permanece pensando, porém surge uma preocupação, ela olha para os demais, e coordena uma última checagem visual entre os alas, ela lidera a inspeção. “Seria muito legal, Espada 5, contudo não seria melhor noutra oportunidade? Estamos sem munição no momento, mas se quiser podemos fazer sim… Você quem manda…” Ela soa com um tom mais descontraído.

“Espada 1, concordo, está certa, vamos pousar então, desfiles depois, combinado?” Xena responde confirmando e revisa a ordem de pouso. Estando tudo pronto, começa a sequência de pouso, o esquadrão se aproxima ao circuito aéreo, a cada volta um caça se afasta dos demais e entra na rota de pouso, a começar pela Espada 5.

Apesar das nuvens um tanto escuras, no momento não há muito vento lateral, assim ela cuidadosamente se aproxima da pista, notando as inúmeras redes esticadas ao longo de toda a sua extensão, a velocidade dimiui e ela toca a pista, imediatamente ergue todos os flaps para aumentar o arrasto, o caça é contido somente na segunda barreira, ela sai do cockpit em um salto e corre para a lateral da embarcação.

Ao se virar ela ve o time de operadores da plataforma de lançamento correndo com as manivelas e com o jogo de redes para deixar pronto para o próximo pouso, por um instante ela admira a velocidade em que operam, enquanto um dos que estão ao seu lado pede para ela se abaixar.

Alguns segundos depois notam o proximo caça se aproximando, Espada 4, balançando um pouco para os lados, porém o pouso é bem sucedido, foi um pouco mais seco, ou seja, mais forte, ao ponto do caça balançar como se tivesse pulado, parando somente na terceira barreira, James salta da cabine e os tripulantes o conduzem no mesmo lugar onde encontra-se a coronel.

Aos poucos cada um dos demais vai pousando, enquanto Xena permanece rodeando o porta aviões aguardando ser a última a pousar, assim que a Espada 2 se afasta, ela recebe um contato pelo rádio. “Espada 1, aqui é Mercury 1, permissão para se aproximar”. Xena levanta um sorriso e responde autorizando, assim o esquadrão Mercury se aproxima dela a escoltando. “Até que enfim hein Espada 1, estavamos preocupados já, pode ir lá que estamos dando cobertura, bom pouso aí!”. Xena não contém um sorriso acanhado e balança as asas do caça em agradecimento, a seguir ruma para a pista de pouso.

Os demais a acompanham olhando, ela se aproxima cuidadosamente e pousa, com seu caça parando por completo na segunda barreira, a escotilha se abre porém ela permanece por alguns instantes parada, olhando para frente, suas mãos denunciam um pouco aquele tremor de adrenalina, enquanto escuta os gritos, palmas abafadas em luvas, assobios.

Lentamente ela se levanta, escala a lateral da cabine e desce com um salto mais discreto, enquanto nota seu esquadrão correndo em sua direção. Um tranco, dois, quatro, e ela se vê envolta em um abraço bem apertado, seus olhos arregalam mas não rejeita o gesto de carinho.

A tripulação os rodeia e comemoram o resgate por alguns instantes até que alguém grita “ATENÇÃO!”, todos param imediatamente e prestam continência ao Capitão de Mar e Guerra Winston, um senhor de porte imponente, porém com um olhar sereno, cabelos e barba feita esbranquiçada, com um óculos escuro. “Descansar pessoal!”. O oficial ergue a voz com um brado retumbante, e todos saem da continência.

“Bem vindos a bordo, esquadrão Espada, temos acomodações para vocês, podem ficar o quanto precisarem, nos acompanhem por favor, chegaram bem na hora da janta, e aposto que devem estar com fome, e como sempre digo, saco vazio…” ele olha para a tripulação que completa num grito de guerra “… não para em pé!”. Todos soltam uma breve risada acompanhada de aplausos e se dirigem ao refeitório alguns andares abaixo do convés em direção ao refeitório.

Enquanto passavam pelos corredores, mais integrantes da tripulação se amontoavam para acompanhar o esquadrão combatente, o burburinho elevado denunciava a curiosidade pairando o ar. “Uau… são eles mesmo! Que incrível… muita coragem a deles… como será que foi o combate… será que estão bem?”, Xena parece um pouco consternada, apesar do alívio aquele burburinho a incomodava um pouco, a ponto da coronel perceber.

“Capitão Winston, poderia pedir para a tripulação retornar aos seus postos? Estamos bem cansados do combate, é claro, se você não se importar…” Val, apesar do posto, e a evidente diferença na nomenclatura dos postos, sabe que na Marinha, o posto dele equivale ao seu próprio, deste modo ela conversa mais informal do que de costume.

“Oh claro, compreendo perfeitamente… só um instante, por favor…” O Capitão interrompe o andar, e sinaliza à tripulação que está os acompanhando a pararem por um instante, fazendo silencio, eles obedecem e aguardam enquanto Winston retira o interfone do apoio, digita alguns números e aguarda atenderem.

“Alô? Grande Peter! Como vai? Aqui é o Winston, e pare de bater continência à distância meu jovem. Não, pode ficar tranquilo, está tudo bem… poderia abrir o canal para todo o navio? Preciso passar um informe geral. Ótimo, muito obrigado!” Com uma mão ele tampa o microfone e olha para Val “Com licença, vai ser só um segundo…”

“Atenção Tripulação do Kestrel III, aqui quem fala é seu capitão Winston… Antes de tudo, gostaria de agradecer e parabenizar a todos que participaram do resgate ao nosso querido esquadrão Espada…” Todos naquele lugar sentem o chão, as paredes, e o teto vibrando, o restante da tripulação comemora em resposta a pausa do Capitão batendo nas paredes e no chão de modo ritimado, por umas 10 vezes, porém cessam. 

“… Acho que ainda vamos montar uma banda com esse rítmo aguçado que vocês têm… Mas piadas à parte, nossos novos hóspedes estão bem cansados, a final de contas, não é todo dia que retiram de cena 3 esquadrões inimigos numa só passada, não é mesmo?” Val e Xena arregalam seus olhos para o comandante, que esboça um sorriso de surpresa, enquanto ecoam os sussurros dos burburinhos da tripulação, pasma com o que acabaram de ouvir.

Porém são interrompidos com o Capitão a prosseguir o seu discurso “…Então, peço por gentileza que se mantenham nos seus postos, se vocês se comportarem, vamos organizar uma confraternização e se nossas convidadas concordarem, podemos abrir um espaço para perguntas e respostas, lembrando, nada que seja sigiloso, isso daí é para as entrevistas com nossos inimigos, ok?” Toda a tripulação de modo vibrante grita “Sim senhor Capitão de Mar e Guerra!”.

Val acena com a mão chamando a atenção do comandante “O espada 4 é contador de histórias, ele poderia contar depois algumas histórias para a tripulação?” James se assusta por um momento e olha para a coronel, que dá de ombros. “Claro… mas vamos fazer surpresa, ok?” O esquadrão concorda com a cabeça, e ele concluí o discurso.

“… Muito bom pessoal, agradeço pela recepção calorosa, mas agora simbora para os postos, quem estiver no turno, quem não estiver, descansem porque preciso de vocês bem, alías, seu bem estar é minha prioridade, dentro das regras da Marinha é claro, desejo boa tarde, bom serviço e bom descanso! Até mais!”. Por um breve instante toda a tripulação aplaude seu discurso e o silêncio rotineiro retorna, assim eles rumam em direção ao refeitório.

Não tão diferente dos demais refeitórios já conhecidos, a principal diferença é que esse é quase todo metálico, numa liga levemente magnetizada para evitar que os itens saiam voando durante tempestades fortes, aliás, muito fortes, tendo em vista que se trada do Kestrel III um dos maiores porta-aviões da frota de Osea.

Xena, Val e os demais membros do esquadrão Espada se encontravam já mais relaxados, desfrutam da janta enquanto acompanham o noticiário na televisão, que por coincidência, ou não, está passando uma matéria falando justamente sobre o porta-aviões: 

Medindo aproximadamente 400 metros de comprimento por 50 metros de largura e 40 metros de altura, sem contar as duas torres de controle, ele é capaz de comportar quase 60 aeronaves navais, alguns helicópteros de resgate, patrulha e bombardeio submarino, além de barcos de patrulha e resgate, devido seu tamanho, e a quantidade imensa de tecnologias embarcadas, a tripulação tinha de ser o suficiente para dar conta de o operar 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que gira em torno de 6000 tripulantes, distribuídos em 3 turnos, Kestrell III é considerada a ponta de lança da Marinha de Osea, e certamente um dos melhores do mundo…” O esquadrão acompanha a reportagem sendo transmitida pelo jornal nacional de Osea.

Assim eles continuam desfrutando de uma merecida refeição após os eventos intensos do dia. O ambiente estava repleto de risadas e conversas animadas.

Não sei se foi impressão minha, mas eu vi seu caça dando um tranco para trás quando você disparou os mísseis, ou foi impressão minha?” James olha perplexo para Xena, que assente com a cabeça e responde “Sim, confesso que esperava por isso, mas foi mais intenso do que pensei, parecia que eu tinha levado um coice no peito…” Ela por um instante olha para cima e dá um suspiro.

Se não fossem as corridas matinais… talvez você teria apagado, viu?” Anthony comenta pensativo “Acho que vou começar a correr também…” Xena levanta uma risada discreta.

Ah, qual é, sua sorte é que não gosto de correr tanto assim, prefiro academia, puxar uns pesos…”, Xena o olha levantando uma das sobrancelhas, enquanto ele disfarça o exibicionismo dos muques enquanto está de pé, porém acaba rápido, ele leva um dos seus pés para apoiar em cima do banco, porém não contava com o fato de ser um daqueles bancos giratórios. Foi necessário somente aplicar um pouco mais de força na perna, e de repente ele escorregou, caindo ao solo, com as pernas abertas, enquanto fazia uma careta, todos assustados tentaram se antecipar e o acudir, porém ele levantou ainda sentindo o golpe, e acalma a todos.

Por um instante Anthony os encara cizudamente, mas o silêncio para e todos caem numa gargalhada, há muito tempo guardada, inclusive ele mesmo, incrédulo com a proeza, e complementa o momento comentando “Acho que já dá para entrar nas aulas de ginástica também hein! Que elasticidade, quem diria!”. Então eles preenchem por um instante o lugar com mais risadas.

Pára Anthony, ai ai.. fazia tempo que não sentia minhas bochechas doerem de tanto rir… Céus, só vocês mesmo para se divertirem assim… Mas fico muito contente de que você esteja bem consigo mesmo, algo raro hoje em dia, não?” Xena enxuga a lágrima fujona de alegria.

“Não é a toa que me chamam de…” Anthony alisa com o indicador seu bigode, enquanto ergue uma das sobrancelhas “… o rei das núvens!” Todos acompanham ele numa nova risada.

Os três então, acidentalmente sussuram olhando para ela “Culpa sua, oras!”, Os três arregalam os olhos e uma nova risada os domina, porém mais breve, enquanto Xena balança a cabeça se negando acreditar no que ouviu.

E então, só faltou você contar o que fez você rir aquela hora… conta vai!” James lidera os demais na curiosidade.

Ah, é mesmo… lembrei da corrida de hoje cedo, estava tudo tranquilo, porém surgiu um pelotão recém chegado na direção oposta, estavam correndo também…” Ela dá um suspiro enquanto tenta se lembrar em mais detalhes da cena.

Anthony tenta lembrar-se melhor de quem seriam e dá uma opinada “Será que não eram os Ustianos não? Eu lembro que acordei com eles marchando e cantando antes de iniciarem a corrida” ele esboça uma careta, denotando que se arrependeu de ter lembrado disso.

Acho que sim, e pelo visto você odiou, né não?” Xena levanta uma sobrancelha e olha para ele enquanto ouve o comentário feito por Melosa.

Mas é claro! Estava no meio do meu melhor sonho, dai do nada surge um pelotão me atropelando numa cantoria estranha, aí virou pesadelo né! E aliás se tem uma coisa que odeio é atrapalharem meu sono…” ele alisa os bigodes enquanto franze uma das sobrancelhas “… a final de contas, sendo o mais bonito da base, tenho de ter uma noite bem dormida para manter a beleza, não é mesmo?” Anthony escuta as risadas de Xena, Val e Melosa.

E é por isso que apelidamos ele de Slippery, Val… tão humilde, não é mesmo?” Entre os risos, Val concorda “Que figura hein, que figura…” Anthony ergue uma sobrancelha e olha para o James procurando um defensor.

Ih nem vem, que argumentar com elas é causa perdida, ja sabe né?” James entre risos, deixa passar uma verdade escondida e se encolhe receoso.

Como assim, James, do que você está falando?” Xena se interrompe por um instante e olha com surpresa para ele.

Desculpa, não é nada de mais não, do que estavamos falando mesmo?” James tenta mudar de assunto, porém foi em vão, agora todas olham para ele, de braços cruzados, exceto Xena, que apoia os cotovelos e inclina-se um pouco pra frente com um olhar penetrante.

É… ta bom, confesso, tenho medo de você… dai evito discordar porque dá receio, tipo, de levar uma dura ou reprimenda na frente dos outros…” Xena ergue uma sobrancelha pasma com o que ouviu, James percebe e arregala os olhos enquanto continua “… não que você seja assim, nunca foi, nunquina… mas” James se interrompe por um instante,

Você tem medo que haja uma primeira vez…” Ela olha para baixo e prolonga-se num suspiro “… eu te entendo, tive um instrutor que agiu comigo assim também… foi horrivel, eu sei como você se sente, não desejo isso para ninguém… pode ficar tranquilo, por que por trás do posto, tem a pessoa, e você tem uma amiga, ok?” ela ergue o rosto acompanhado de um sorriso.

James permanece olhando por um tempo, eles percebem que seus olhos ficam marejados enquanto ele aperta os próprios braços, Melosa, Anthony e Val acompanham Xena no apoio emocional para ele.

Depois de mais algumas piadas, e já com as bandejas vazias eles buscam descansar um pouco enquanto trocam comentários sobre as notícias regionais que estão passando no telejornal.

Sabe… eu sempre tive uma vida bastante solitária, apesar de falarem que tenho uma aptidão natural para tomar decisões, sempre senti falta disso, presenciar essa… informalidade?” Val parece se perder no meio da confissão, porém os demais permanecem atentos e em silêncio, respeitando o momento.

Não… informal não é a palavra certa…” Xena a interrompe sugerindo “Amizade?”. Val a olha por um tempo meditando “Sim, amizade, fazia um bom tempo que não desfrutava disso…” Melosa põe a mão no seu ombro “Então, aqui é um caminho sem volta Val, uma vez amigo, sempre amigo, bem vinda ao clube…”.

Por um instante, todos percebem que mais do que nunca, esse momento pode não ocorrer novamente, então eles se levantam e se abraçam por um instante, sem falar nada, para quem olha, poderia encarar como um momento de união fraterna, porém para eles, no âmago de suas almas, eles sentem que se não demonstrassem esse gesto de amizade, deixar para depois poderia ser tarde.

Boa noite, pessoal!“, saudou Winston, chamando a atenção de todos. “Desculpem incomodar, espero não estar interrompendo nada importante.

O esquadrão instintivamente se posiciona para entrar em formação e prestar continência para o comandante, porém ele sinaliza de que não é necessário.

Claro que não, Capitão!“, respondeu Xena, erguendo o olhar do prato. “Estávamos apenas compartilhando histórias sobre nossas últimas missões.

Ah, histórias de guerra, hein?“, disse Winston com um sorriso. “Bem, tenho algumas novidades que talvez despertem seu interesse.

O esquadrão ficou em silêncio, aguardando ansiosamente pelas palavras do Capitão.

Durante o treinamento das forças aéreas da aliança, descobrimos algo alarmante“, começou Winston, seu tom ficando mais sério. “Belka e os demais países da aliança do norte iniciaram uma invasão em massa, e os invasores que vocês abateram estavam rumando para a capital de Osea para bombardeá-la.”

A notícia deixou todos atônitos, e por um momento, o refeitório ficou em silêncio enquanto cada um processava a gravidade da situação.

Isso é terrível…“, murmurou Val, sua expressão se tornando sombria.

Mas não estamos de braços cruzados“, continuou Winston, tentando trazer um pouco de otimismo à conversa. “Recebemos informações sobre um esquadrão de reconhecimento perdido no norte de Belka. Eles pertencem ao nosso porta-aviões e sua missão era interceptar padrões e protocolos de comunicação da aliança do norte para quebrar a criptografia e acompanhar as movimentações inimigas.

A missão deles é de extrema importância“, acrescentou Xena, captando a seriedade da situação. “Precisamos resgatá-los o mais rápido possível e garantir que suas informações não caiam nas mãos erradas.

Exatamente“, concordou Winston. “Por isso, estamos nos preparando para uma operação de resgate. Temos que ser rápidos e eficientes. Cada segundo conta, podemos contar com vocês no resgate?

Os membros do esquadrão trocaram olhares determinados, prontos para enfrentar mais um desafio. Apesar da gravidade da situação, havia uma determinação firme em seus corações.

Com certeza! Será uma honra Capitão Winston” Xena concorda e é acompanhada pelos demais.

Então, o que precisamos fazer?“, perguntou James, seu tom de voz sério.

Primeiro, precisamos reunir todas as informações disponíveis sobre o local onde o esquadrão de reconhecimento foi visto pela última vez, podem ficar tranquilos que já tenho um pessoal trabalhando nisso.“, explicou Winston. “Depois, vamos traçar um plano de ação e nos preparar para a missão, então vou chamar vocês para iniciarmos a reunião.

Tudo bem, enquanto isso, vamos descansar um pouco e antecipar nossos preparativos” Xena acrescenta já antecipando possíveis planos de ação.

A conversa continuou por mais algumas horas, com cada membro do esquadrão contribuindo com suas ideias e sugestões. Apesar das incertezas e dos desafios que enfrentariam, havia uma sensação de camaradagem e determinação que os impulsionava para frente.

Após um momento de descanso, eles foram ao dormitório, e se permitiram dormir. Algumas horas depois, a conversa foi retomada, com cada membro do esquadrão contribuindo com suas ideias e sugestões. Xena, sempre focada e determinada, liderou a discussão, traçando planos e estratégias com precisão militar.

Muito bem, vamos precisar de um plano de evacuação detalhado“, sugeriu Xena, seu tom de voz firme. “Precisamos garantir que possamos chegar até o esquadrão de reconhecimento e retirá-los de forma segura, como ainda não temos detalhes sobre o local exato, podemos antecipar detalhes mais técnicos por enquanto, que tal?

Val, com sua experiência tática, complementou a ideia de Xena. “Concordo. Precisamos estabelecer rotas de acesso e pontos de extração. Além disso, devemos considerar as possíveis ameaças inimigas e preparar planos de contingência.

James, sempre pragmático, levantou uma questão crucial. “E quanto à comunicação? Precisamos garantir que possamos nos comunicar de forma eficaz durante a missão. Talvez devêssemos considerar o uso de códigos de comunicação para evitar interceptações inimigas.

Malosa, com sua perspicácia e habilidade técnica, ofereceu uma solução criativa. “Podemos utilizar sistemas de comunicação criptografados e frequências variáveis. Isso dificultará a interceptação inimiga e garantirá a segurança de nossas comunicações.

Anthony, até então em silêncio, levantou-se com uma expressão determinada. “Posso ajustar os sistemas de comunicação dos caças, para que altere as frequências de comunicação de forma intercalada e sincronizada. Cada aeronave pode trabalhar numa frequência diferente, mas o sistema garantirá que a mudança seja coordenada e imprevisível para os inimigos.

Xena pensa um pouco e leva a mão ao seu queixo “Sim, o padrão é todos os caças do esquadrão permanecerem na mesma frequência durante as missões, conseguindo fazer isso, vai dificultar bastante o trabalho deles, é claro, dependendo do modelo que formos utilizar…

Melosa concorda com o raciocínio e complementa “Isso mesmo, nossos caças ficaram bem danificados com o pouso, foi um milagre terem conseguido nos parar, até porque a versão que operávamos não era ajustado para atuar em porta-aviões… Então, temos de nos preparar para operar as versões que têm aqui…

Sim, aliás, quais são os modelos que eles operam aqui?” James pergunta já tentando antecipar cenários, porém enquanto se concentrava, Xena olha para a escrivaninha e nota algumas apostilas, ela se aproxima e nota que são os manuais de uso dos modelos disponíveis no porta-aviões.

James, vem cá dar uma olhada nisso.” James se aproxima da mesa e nota a descoberta. “Ele deixou aqui preparado para nós, que legal!” Surge um sorriso no rosto de ambos, e enquanto James pega os manuais, Xena arrasta uma mesinha de apoio e coloca no centro do dormitório. James então organiza os manuais lado a lado.

E então, james, o que pode nos dizer sobre as possibilidades?” Xena apoia suas mãos sob sua cintura enquanto observa atenta a análise de seu especialista.

Bom, temos aqui o F-18, F-14, Harrier, F-35, Rafale, e… Mig 29… Hm… Bom tem alguns aqui que podemos descartar já…” Xena permanece atenta “Poderia nos detalhar melhor, por favor?”

Claro, bom, vejamos… O F-14 é bem manobrável, mas perde em capacidade de carga, e não é furtivo, então para esse caso ele não é muito recomendado…” Xena retira o manual apontado da mesinha e o coloca em cima da cama.

Próximo, é o Harrier, ele tem uma capacidade de carga maior, porém não tem pós combustão, apesar de ser capaz de decolar parado, então esse também não daria para usar nesse caso…” Xena repete a dinâmica com James até sobrarem 2 manuais, um do Rafale e outro do F-35.

Agora a dúvida pegou… vamos lá, Rafale e F-35 são furtivos, porém o arsenal vai exposto na fuselagem, vantagem para o F-35, porém ele é mais lento comparado com o Rafale, F-35 ganha na capacidade de carga e furtividade, além de ser capaz de operar sem pista também, acho que encontramos nosso vencedor…” Xena então pega os demais exemplares do manual do caça vencedor, distribui para os demais e juntos começam a dissecar os manuais enquanto conversam sobre o assunto.

Ao final do exercício, Xena se levanta e silenciosamente olha para cada um, percebendo que todos estão ansiosos para contribuir com suas ideias e conhecimentos especializados. Eles trabalharam em conjunto, combinando suas habilidades únicas para desenvolver um plano abrangente e eficaz.

Xena olhou para cada membro do esquadrão, reconhecendo o valor de suas contribuições “Pessoal, gostaria de agradecer por hoje, tenho muito orgulho de vocês, e alegria por ter, além da sua confiança, a amizade também. Ainda não nos chamaram, mas acredito que estamos prontos para encarar esse desafio, porém saibam, que antes do posto, eu sou amiga de vocês, e seu bem estar sempre será minha prioridade, ok?” Os demais a observam admirados e erguem um sorriso retribuindo as palavras acalentadoras.

Xena prossegue, desta vez se dirigindo a cada um. “Val, suas sugestões foram fundamentais para o planejamento estratégico. Sua experiência tática será crucial para o sucesso da missão.” Val assentiu com um sorriso de gratidão, satisfeito por ser reconhecido por sua expertise.

James, sua preocupação com a segurança das comunicações foi acertada. Seus insights sobre códigos de comunicação serão essenciais para garantir a confidencialidade de nossas mensagens.” James assentiu, expressando sua satisfação por ser valorizado pela equipe.

Malosa, sua criatividade e habilidade técnica foram indispensáveis na elaboração de soluções inovadoras. Seus sistemas de comunicação criptografados serão uma vantagem significativa durante a missão.” Malosa sorriu, orgulhosa de suas contribuições serem reconhecidas.

Anthony, sua ideia de desenvolver um sistema de comunicação intercalado foi brilhante. Sua habilidade em desenvolver tecnologias avançadas será um trunfo para o sucesso da missão.” Anthony assentiu com um sorriso modesto, grato pelo reconhecimento de sua proposta.

Muito bem, agora chegou nossa vez de falar, podemos” Malosa lidera os demais esperançosa para retribuir o feedback recebido. Xena silenciosamente assente com a cabeça e se senta aos pés da cama prestando uma profunda atenção.

Xena, sua conduta liderando esse esquadrão é impecável, você faz parecer ser algo tão simples, porém sabemos do tamanho da responsabilidade, e responsável você é muito, além de ser focada, analítica e crítica consigo mesma, antes de ser conosco. Você é uma líder de verdade, e temos muito orgulho de estarmos sob o seu comando, confiamos em você, cegamente, e para o resto da vida, tem nossa eterna amizade, aqui dentro (ela aponta para o brazão da força aérea) ou lá fora.” Xena permanece imóvel os olhando, um olhar levemente sério, sentindo o peso do que escuta.

Xena, poderia abrir as mãos, por favor?”. Xena assente com a cabeça e abre a palma das suas mãos. Logo depois, ela observa eles levantando suas mãos, removendo o emblema do esquadrão e as plaquetas com seus nomes, a seguir se aproximam dela e as depositando em suas mãos, enquanto entoam o juramento da força aérea, porém direcionados para ela, jurando amizade, fidelidade e companheirismos eternos, enquanto ela retribui acompanhando os dizeres em sussurros quase inaudíveis.

Xena por um instante sente seus olhos arderem e uma lágrima escapa de seu olho direito, enquanto ela levanta seu semblante e os admira por algum tempo. Ela se levanta, caminha em direção à Val, recoloca o emblema, a plaqueta e corresponde a gratidão com um abraço.

Um a um ela repete essa mesma ação e ao término todos se sentam, permanecendo em silêncio trocando olhares com uma densa profundidade, de repente eles ouvem o interfone do dormitório tocar, Xena se levanta e o atende. “Alô? Xena falando…” Ela abre um sorriso tímido “Sim senhor, abrindo canal agora…” ela aperta um botão que abre o viva-voz do aparelho.

Olá esquadrão Espada! Aqui quem fala é o Winston, dormiram bem aí?” Sua voz soa animada, contente. “Sim senhor…” Todos respondem ao mesmo tempo, enquanto James comenta “Bem confortáveis essas camas, gostei bastante”. Xena aguarda ele concluir e então pergunta para os demais “E como se diz?”, todos olham com um olhar travesso e respondem, novamente juntos “Obrigado Capitão!”.

Eles conseguem ouvir o riso aliviado do outro lado da linha “Maravilha, que beleza, gostei bastante desse ânimo, contagiante, confesso… Mas, tenho ótimas notícias, conseguimos localizar nossos filhos pródigos, daqui 15 minutos começamos a reunião, posso contar com vocês nela, aliás, são nossos convidados de honra!”.

Sim senhor, agora mesmo!” Xena responde enquanto ouve aquela voz alegre responder “Excelente, estamos aguardando então”. O interfone emudece enquanto o esquadrão rapidamente termina de se arrumar e saem do dormitório à caminho da sala de missões.