Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

    Gabrielle sentia seu coração entristecer cada vez mais à medida que as estradas e florestas iam se tornando familiares. Entravam no antigo território amazona. Ao longo do caminho ela viu novas vilas, algumas estradas recém-abertas. Uma nova vida se iniciava naquela região. É como se jamais tivéssemos existido, pensou Gabrielle.

    – Não falta mais que um dia de viagem até chegarmos ao nosso destino – disse Xena – vamos nos apressar e terminar logo com isso.

    – Quanto mais rápido, melhor – respondeu Gabrielle.

    Ao chegarem ao local indicado, viram que um deslizamento tinha coberto a região. Começaram a tirar as pedras onde supunham estar a entrada da caverna. Já estavam desconfiando que talvez Autolycus tivesse se enganado, quando viram surgir uma abertura.

    – Ah! – exclamou Xena quando viu a passagem – aí está!

    – Finalmente – ofegou Gabrielle, exausta.

    Continuaram o trabalho, e a passagem foi se revelando. Quando abriram espaço suficiente para poderem passar, viram uma escada descendente.

    Entraram na estrutura escura, e acenderam as tochas que haviam na parede. Logo à frente havia um enorme buraco com afiadas estacas ao fundo. Cordas levavam ao teto, e, numa parede, próxima ao topo, estava encaixada a adaga.

    – Ok, loirinha. Lá vou eu.

    Gabrielle hesitou, olhando para as enormes estacas no chão.

    – Tem certeza?

    A morena a olhou e piscou um olho.

    – Só tem graça com um pouco de risco de morte – e pulou na corda mais próxima. A corda rangeu perigosamente, mas não cedeu.

    Xena começou a subir pela corda, que gemia como se fosse partir a qualquer momento. Gabrielle observava, rígida de tensão. Xena alcançou a elevação onde estava incrustada a adaga. Tentou desencaixar a arma, que sequer se mexeu.

    – Xena? – ouviu a voz de Gabrielle.

    – A maldita coisa não sai – disse Xena, começando a ofegar com o esforço de sustentar seu corpo na corda.

    – Tem certeza que não é apenas….

    – Olha, já apalpei tanto essa coisa que está ruborizando – retrucou Xena – simplesmente não desencaixa.

    – Talvez eu devesse tentar.

    – Por que? Tem algo nos seus dedos que não tem nos meus?

    – Quem sabe?

    Xena olhou para a mulher embaixo. Gabrielle a olhava, impaciente. A morena revirou os olhos e começou a descer.

    – Sua vez, então – disse quando chegou no chão e lhe entregou a corda.

    Gabrielle pegou a corda e testou-a antes de subir. A corda continuava rangendo, mas parecia firme. Se agarrou nela e começou a subir.

    Chegou ao topo e olhou atentamente a estrutura onde estava a adaga. Parecia um perfeito encaixe. Mexeu de todas as formas que podia e nada se moveu. Suspirou, frustrada.

    – Eu disse – falou Xena.

    Continuou mexendo na arma, dessa vez com mais calma. A corda rangia cada vez mais alto. Gabrielle mexia pacientemente em todas as reentrâncias. Subitamente, a arma se soltou e quase despencou, mas os reflexos de Gabrielle reagiram e ela agarrou a arma.

    Colocou a adaga na cintura e começou a descer pela corda. Saltou de frente à Xena e não conseguiu evitar o próprio sorriso debochado ao mostrar a adaga para a outra mulher, que a olhava aborrecida.

    – Parece que meus dedos têm algo que os seus não tem.

    O aborrecimento de Xena se transformou num sorriso malicioso.

    – Eu adoraria ver isso, loirinha.

    O pedantismo de Gabrielle desapareceu, substituído por indignação.

    – Você é repulsiva – Gabrielle entregou a arma à Xena.

    – Já fui chamada de coisa pior.

    – Aposto que sim.

    – Por favor. Não esperava de verdade dizer algo assim e eu não falar nada.

    – Suponho que é esperar demais de você.

    – Certamente é – disse Xena, admirando a bela adaga – agora, vamos matar um deus.

     

    ***

     

    – Como pretende matar Ares? – perguntou Gabrielle, enquanto voltavam ao local onde estavam acampadas – não tem como simplesmente lutar contra ele. Tem que pegá-lo desprevenido ou fazer alguma espécie de armadilha.

    – Tenho uma ideia em mente – disse Xena – e acho que você vai gostar.

    – Do que se trata?

    – Ares gosta de aparecer quando estou vulnerável, sozinha e em situações-limite onde ele possa me manipular – explicou Xena – então podemos fazer o seguinte. Você me dá uma senhora surra, me deixa bastante detonada, e depois me deixa pra trás, sozinha na floresta. Ele pensa que sou inofensiva e mando ele para o Tártaro. Não é um verdadeiro sonho?

    Gabrielle parou de caminhar e encarou a mulher.

    – Você perdeu a cabeça, Xena? Não posso simplesmente bater em você.

    Xena também parou de andar e se virou para Gabrielle.

    – Não se preocupe, não pretendo reagir.

    – Não é por causa disso, e você sabe.

    Xena fechou os olhos. Quando os abriu, começou a avançar em direção à outra mulher. Gabrielle deu passos para trás, um frio percorreu sua espinha. Reconhecia muito bem aquele olhar mortífero.

    – Pare com essa atuação de santinha, Gabrielle – a voz de Xena estava rascante e aguda. A morena fechou a mão no punho da espada enquanto se adiantava.

    – Xena, eu não vou…

    Xena continuava com seus passos decididos.

    – Te humilhei diante da corte.

    Gabrielle recuava, de punhos cerrados.

    – Xena…

    A voz de Xena se tornava cada vez mais inumana.

    – Pisei em sua cabeça – continuou a conquistadora.

    Gabrielle lembrou do cheiro de terra nas sandálias e apertou os dentes.

    – Te deixei no calabouço, te torturei. Ah, loirinha. Adorei cada minuto – a mulher era um esgar de maldade e prazer sádico.

    – Xena, apenas pare – Gabrielle sentia o sangue pulsar em seu pescoço.

    – A espanquei até deixá-la à beira da morte. Teria te matado ali mesmo se não tivessem me segurado – Xena lambeu os lábios – oh, Gabrielle, sabe o quanto eu queria fazer aquilo?

    – Pare! Não vou bater em você.

    – Te obriguei a matar pessoas.

    – Xena!

    – Usei Eris pra te enganar. Tem noção de quantas vezes usei aquela garota? Você gostava dela, não?

    Gabrielle deu um soco no rosto da mulher. Xena riu e cuspiu sangue.

    – Varri sua nação do mapa, loirinha.

    Gabrielle pegou seu bastão e atingiu as pernas de Xena. A conquistadora caiu de joelhos, mas levantou-se em seguida.

    – Mandei matar sua esposa e você nunca foi capaz de vingá-la.

    Uma bordoada no peito. Xena caiu novamente, e tossiu, sem ar. Riu mais ainda e ergueu-se.

    – Eu aproveitei cada segundo de tudo, loirinha. Eu me diverti a cada momento.

    – Cale a boca! – gritou Gabrielle, atingindo-a novamente.

    Xena sentiu o impacto no braço, a dor se espalhando por seu corpo. Uma estranha euforia a fez gargalhar.

    – Isso mesmo, garota! Dê-me tudo que eu mereço! – gritou Xena – como acha que as amazonas se sentiriam ao vê-la me ajudando? Deixe de ser fraca!

    O ódio que tinha sido enterrado em Gabrielle de repente voltou à superfície, e ela deixou seu cajado baixar sobre todo o corpo de Xena, que resistiu em pé o máximo que conseguiu.

    – Eu te odeio! Maldita! Tirou tudo de mim! – gritava Gabrielle.

    Chegou um momento que Xena não conseguiu mais se levantar. Gabrielle atirou o cajado longe e sentou-se sobre o corpo da mulher, esmurrando seu rosto numa onda de fúria.

    – Maldita! Maldita!

    – Isso loirinha…

    Soco. Os nós das mãos se enchiam de sangue.

    – Isso mesmo.

    Soco. Os punhos doíam.

    – É o que mereço.

    Soco. Sentiu o choque do osso.

    – Acabe com isso – e esperou o golpe final.

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