Fanfics sobre Xena a Princesa Guerreira

O sol despontava no horizonte, matizando o céu com tons de vermelho e dourado enquanto Xena se preparava para a partida. Vestida em sua armadura completa, reluzente e imponente, ela caminhava pelo acampamento com a autoridade inabalável de uma líder nascida para a guerra. Seus passos eram firmes, e cada movimento mostrava a familiaridade com aquele peso metálico sobre os ombros e a sensação de força que emanava dela.

Por mais que o pensamento de Gabrielle pesasse em seu coração, a proximidade da batalha despertava em Xena algo profundo e visceral. Estar ali, montada em seu cavalo de guerra, era como voltar ao lar. O campo de batalha, com sua intensidade e brutalidade, era onde ela sempre soube exatamente quem era. A ansiedade que rondava sua mente se dissolveu, dando lugar a uma fúria concentrada e uma determinação que fazia seu sangue pulsar com energia renovada.

Os soldados estavam alinhados, ansiosos e tensos, aguardando as ordens de sua imperatriz. Xena desceu do cavalo e passou entre eles, observando cada um com um olhar firme e intenso. Ela conhecia a importância de cada palavra antes de uma batalha, o peso que suas ordens tinham sobre a moral daqueles homens e mulheres.

Erguendo a espada, Xena falou com uma voz clara e forte, que cortava o ar matutino:

– Homens e mulheres do império! Hoje marchamos para o sul, para proteger nossos aliados centauros e honrar o compromisso que temos com aqueles que confiaram suas vidas e terras ao nosso poder. Marchamos para corrigir uma traição – ela cuspiu a última palavra, o nome de Dagnine fervendo em sua mente – e eu, pessoalmente, não descansarei até que cada um desses traidores conheça o peso da nossa lâmina!

Os soldados ergueram as espadas e lanças, seus rostos iluminados pela fúria e pela confiança que Xena lhes transmitia. A aura feroz e imbatível da imperatriz contagiava todos ao redor.

– Esta não será uma simples campanha. Será um lembrete do poder e da justiça do império! E a cada passo, lembrem-se: estamos aqui por algo maior que nós mesmos, por um juramento de lealdade! E, enquanto eu estiver ao vosso lado, não há força que possa nos deter!

Os soldados bradaram em uníssono, inflamados pela presença de Xena, que parecia quase mística em sua força e determinação. A guerreira, sentindo o impacto de sua própria voz, montou novamente em seu cavalo. O vento soprava em seu rosto, e, por um breve momento, ela fechou os olhos, sentindo a responsabilidade da missão, mas também a familiar excitação que a batalha lhe trazia. 

Com um último olhar para os soldados, Xena deu a ordem:

– Avante! Hoje, marchamos como um só! E quando o inimigo nos ver, que ele saiba que o império vem com o poder da tempestade!

E assim, sob o comando da imperatriz, o destacamento iniciou a marcha, os cascos dos cavalos e o som das armaduras ecoando pelo caminho. Xena, em meio a eles, era a imagem da fúria e da glória.

 

***

 

Enquanto o sol começava a descer, Xena e seus soldados armaram acampamento. O ambiente estava tenso, com cada soldado consciente da proximidade do confronto. A Imperatriz aguardava com paciência calculada o retorno de um batedor enviado adiante para investigar o posicionamento das forças de Dagnine. Ao seu lado, Theodorus observava o horizonte, atento e preparado para qualquer eventualidade.

Pouco depois, o som apressado de passos se aproximando alertou o grupo. Um soldado apareceu, arfando e coberto de poeira, mas sem hesitar, ele se postou diante de Xena e Theodorus, pronto para o relatório.

– Imperatriz, general, as tropas de Dagnine estão acampadas a cerca de duas milhas ao norte da aldeia dos centauros – relatou o batedor, ajustando sua postura. – eles estabeleceram uma linha defensiva em um vale estreito, próximo a um desfiladeiro, o que lhes garante uma posição vantajosa e difícil de flanquear. Entretanto, pude observar que sua retaguarda está menos protegida, provavelmente pelo próprio desfiladeiro.

Xena cruzou os braços, ponderando as informações com um brilho perigoso nos olhos. A posição de Dagnine, embora bem escolhida, apresentava vulnerabilidades. A decisão de atacar os centauros para obter a Pedra Ixion era arriscada e certamente tola, mas Dagnine provavelmente confiava no terreno a seu favor. Ela não podia deixar que ele chegasse perto da pedra, um artefato de poder incalculável.

– Ele quer nos forçar a uma luta frontal, onde possamos ser repelidos enquanto ele mantém a vantagem da altura e das passagens estreitas – comentou Xena, pensando em voz alta – mas se atacarmos pelas costas, aproveitando a proteção deficiente na retaguarda, poderemos pegar a maior parte de suas tropas de surpresa. 

Theodorus assentiu, visualizando o plano que Xena estava construindo. 

– Dagnine está esperando que abordemos o vale diretamente – observou ele – mas, se dividirmos nossas forças, poderíamos enviar um grupo menor pela frente para mantê-los ocupados enquanto outro grupo o flanqueia pela retaguarda.

Xena sorriu com um toque de aprovação.

– Exato, Theodorus. Vamos usar o próprio vale como uma armadilha para eles. Formaremos duas unidades principais: a vanguarda, com soldados de elite, que fará uma aproximação cuidadosa, criando a ilusão de um ataque direto. Enquanto isso, eu liderarei uma força pelos desfiladeiros ocultos que o batedor mapeou. Dessa forma, ao avançarmos pela retaguarda, os pegaremos de surpresa e, quando tentarem recuar, se verão presos entre dois focos de combate.

Xena virou-se para os soldados ao redor, agora mais próximos, atentos a cada palavra. Ela transmitia uma sensação de segurança que irradiava por toda a tropa, e a convicção em seu tom deixava claro que ela já visualizava a vitória.

– Nossos objetivos são claros – continuou ela, com firmeza – primeiro, incapacitar o maior número possível de inimigos na retaguarda, forçando-os a um confronto direto enquanto a vanguarda segura a linha de frente. Segundo, evitar que qualquer soldado de Dagnine entre na aldeia dos centauros. E, finalmente, impedir a todo custo que a Pedra de Ixion caia em mãos erradas.

Ela fixou o olhar no batedor, recompensando-o com um rápido aceno de cabeça.

– Leve este mapa até a vanguarda e instrua-os a permanecerem em silêncio até o último segundo – ordenou ela – Theodorus, prepare uma unidade leve para a infiltração. Eles devem estar prontos para correr a qualquer sinal. Agiremos ao amanhecer, quando a névoa ainda cobre o vale. Dagnine não terá chance.

Os soldados dispersaram-se rapidamente para cumprir as ordens, enquanto Xena e Theodorus se afastaram para revisar os detalhes finais da operação.

– O elemento surpresa é nosso trunfo, Theodorus. Se executarmos este ataque como planejado, eles não terão tempo de se reagrupar. No momento em que perceberem o cerco, já terão perdido a posição.

– E se Dagnine tentar fugir? – perguntou Theodorus, conhecendo a fama de covarde do traidor.

Xena estreitou os olhos, o olhar fixo na direção das colinas onde o inimigo se encontrava.

– Se ele tentar escapar, não terá muita sorte. Temos arqueiros preparados para interceptar qualquer movimento suspeito, e, com uma parte do contingente posicionado na saída do desfiladeiro, ele será facilmente capturado. Não deixaremos que saia daqui vivo ou com a Pedra.

Theodorus acenou em concordância. Xena projetava uma confiança implacável e destemida que o inspirava a lutar até o fim.

Com uma última olhada para seus soldados, que se preparavam para descansar antes do amanhecer, Xena saiu do acampamento, contemplando por um momento o céu estrelado. Pareceu ver nas estrelas o brilho dos olhos de Gabrielle.

 

***

 

O amanhecer estava coberto por uma névoa densa, perfeita para o ataque surpresa que Xena havia meticulosamente planejado. As tropas de Dagnine estavam desatentas, algumas adormecidas, e a estratégia de infiltração de Xena parecia prestes a funcionar exatamente como esperado.

Xena, posicionada com sua unidade nos desfiladeiros que circundavam o acampamento inimigo, observava em silêncio enquanto a vanguarda iniciava sua aproximação, criando uma distração para manter as forças de Dagnine ocupadas. Ela estava prestes a dar a ordem final para a investida, quando algo chamou sua atenção: um movimento próximo ao centro do acampamento inimigo, onde Dagnine estava posicionado. Ele parecia segurar algo, ou melhor, alguém.

A visão foi como um golpe. Lá estava Dagnine, segurando um menino pela gola da túnica desgastada, puxando-o com força para frente, exibindo-o como um troféu. Xena conteve a respiração ao reconhecer o garoto: Solan. Seu filho. Seu coração disparou, e, por um instante, todo o resto desapareceu ao seu redor.

O garoto parecia assustado, mas mantinha a postura ereta e desafiadora, mesmo nas mãos de Dagnine. Xena percebeu que ele tentava ser corajoso, digno do legado dos centauros e da proteção que seu pai adotivo, Kaleipus, lhe havia oferecido. Mas o medo nos olhos de Solan era claro.

Theodorus, ao lado de Xena, notou sua expressão momentaneamente alterada e se inclinou, falando em um tom baixo:

– Imperatriz, algo está errado?

Xena apertou a mandíbula, o conflito interno rasgando-a por dentro. Ela sabia que não poderia revelar a ninguém, nem mesmo a Theodorus, que aquele garoto era seu filho. Ainda assim, ver Solan nas garras de Dagnine, à mercê daquele traidor, a desconcertava de uma maneira que nenhum campo de batalha jamais havia feito. O peso da situação estava se tornando insuportável, e uma terrível compreensão invadiu sua mente: se ela atacasse imprudentemente, poderia colocar a vida de Solan em risco. Mas, ao mesmo tempo, hesitar significava arriscar a missão e expor o império à vulnerabilidade.

– Dagnine tem um refém – disse ela, com a voz levemente trêmula, lutando por firmeza, enquanto tentava ao máximo esconder sua angústia – é o filho de Kaleipus, Solan. Se ele morrer… isso prejudicaria a aliança com os centauros. Kaleipus precisa acreditar que fizemos de tudo em nosso poder para resgatar seu filho.

Theodorus franziu a testa, sem perceber a profundidade da angústia de Xena.

– Podemos enviar um grupo menor para tentar resgatá-lo enquanto o grosso do contingente avança. Talvez seja possível pegar Dagnine de surpresa.

Xena ponderou, o olhar fixo em Solan, que ainda lutava para se soltar de Dagnine, mas sem sucesso. Precisava de um plano rápido e preciso, que mantivesse o ataque e garantisse a segurança do garoto. Ela se virou para Theodorus, controlando a emoção que ameaçava tomar conta de sua voz.

– Concordo. Dividiremos nossa força. Eu irei pessoalmente até Dagnine para criar uma distração – declarou ela, sem hesitar – quando ele estiver focado em mim, você e seus melhores soldados terão a chance de se aproximar e resgatar o menino.

Theodorus hesitou, surpreso pela decisão de Xena de se colocar diretamente na linha de frente, mas a autoridade em seu tom deixava claro que não havia espaço para questionamentos.

– Sim, Imperatriz. Estamos prontos – respondeu ele, preparando-se para a missão de resgate.

Com o plano decidido, Xena respirou fundo e desceu a encosta com passos seguros e calculados. Ela se aproximou da formação inimiga, lançando um olhar feroz em direção a Dagnine, que sorriu ao avistá-la, apertando ainda mais a gola da túnica de Solan.

– Olhe só quem veio nos agraciar com sua presença – zombou Dagnine, puxando Solan para perto, como uma isca. – a imperatriz em pessoa… sou tão importante assim para você, Xena? Ou talvez… esse garoto ranhento?

Xena reprimiu qualquer reação que traísse a verdade sobre Solan. Em vez disso, permitiu-se um sorriso sombrio, avançando em sua direção com a espada em mãos. Trocou um olhar rápido com Solan, que a encarava estupefato. O olhar da imperatriz, porém estava carregado da frieza que precisava para esconder seus verdadeiros sentimentos.

– Você está cometendo um erro ao depender de reféns, Dagnine – ela respondeu, em um tom gélido – isso não vai te salvar da fúria do império. Solte o garoto e talvez eu considere te dar uma morte rápida.

Dagnine riu, balançando a cabeça.

– Ah, Xena, sempre tão teatral. Mas você subestima o valor que este menino tem para os centauros. Um pequeno sacrifício pode me garantir um império.

 

Enquanto distraía Dagnine com palavras, Xena captou a movimentação de Theodorus e seus soldados, que avançavam discretamente pela retaguarda. A aproximação era lenta, mas eficiente. Solan também pareceu perceber e lançou um olhar sutil, como se entendesse o que estava prestes a acontecer. Xena viu a compreensão nos olhos dele e assentiu imperceptivelmente. Uma parte de si não conseguiu não se regozijar pela esperteza do garoto. Kaleipus o criara bem.

Dagnine ainda gargalhava, confiante em sua vitória, quando Xena deu um passo adiante, chamando toda a sua fúria para um ataque direto. Ela avançou com velocidade e precisão, criando uma distração momentânea que deu a Theodorus e seus homens o espaço necessário. No último segundo, Solan foi arrancado dos braços de Dagnine, e Theodorus conduziu o garoto para a segurança enquanto Xena atacava o traidor, desferindo golpes rápidos e brutais que o obrigaram a recuar.

– Sua covardia é uma afronta ao império! – gritou Xena, golpeando com fúria, obrigando Dagnine a se defender com todas as forças que ainda lhe restavam.

Agora, com Solan a salvo e o ataque em plena execução, Xena se entregou à batalha com intensidade brutal, deixando que a raiva e a dor acumuladas dos inúmeros dias sem Gabrielle alimentassem cada golpe contra Dagnine.

Nota